Em busca da imunização sem ovos
As actuais vacinas para a gripe fazem-se de uma forma morosa e complicada: usam-se ovos de galinha como fábricas miniatura, injectando-lhes um vírus vivo da gripe, que fica a incubar no embrião vários dias, antes do ovo ser aberto, para colher o vírus. Depois de purificado, as suas proteínas são usadas para produzir uma vacina injectável. Tudo isto exige tempo e, claro, muitas galinhas a pôr ovos. E se o objectivo for lutar contra uma estirpe muito agressiva, o vírus pode simplesmente destruir o embrião no ovo, e assim não há vacinas. Por isso, os cientistas estão a tentar desenvolver novos métodos, em especial por causa do risco da próxima epidemia global de gripe, que muitos crêem que possa ser causada pelo vírus H5N1, que por ora é uma doença das aves que só às vezes afecta os humanos. Uma dessas tentativas é o projecto FLUVACC, financiado pela Comissão Europeia com 9,2 milhões de euros. Os primeiros ensaios clínicos devem ter início nesta Primavera, embora a investigação se prolongue até 2009. A ideia é usar a técnica da genética inversa para induzir mutações no vírus da gripe que limitem a capacidade de fazer cópias de si próprio, depois de infectar uma célula. Os vírus atenuados seriam produzidos em culturas de células, sem necessitar de ovos de galinha. A vacina basear-se-ia nesses vírus enfraquecidos, e não nas suas proteínas, como actualmente. Isto poderia gerar uma resposta imunitária até mais forte. Outro objectivo é produzir uma vacina administrável na mucosa nasal, e não injectável.