Virgin Galactic inaugura pista de descolagem do seu aeroporto espacial e promete férias no espaço para 2012
Alguns dos candidatos que já deixaram um depósito de 20 mil dólares pelo privilégio de embarcar nos primeiros voos com destino ao espaço participaram ontem na cerimónia de inauguração da pista, próxima da localidade de Truth or Consequences e a cerca de 70 quilómetros da cidade de Las Cruces. O governador do Novo México, Bill Richardson, que contribuiu com 200 milhões de dólares para o projecto, foi outro dos convidados de Branson.
O vaivém VSS Enterprise, que levará os turistas ao espaço suborbital, fez o seu primeiro voo sobre o Spaceport, mas não pousou na pista de 3,2 quilómetros de extensão e 60 metros de largura que é a única componente do ambicioso projecto - assinado pelo gabinete de arquitectura dirigido pelo britânico Norman Foster - que se encontra operacional.
Há duas semanas, o vaivém espacial passou com distinção o seu primeiro ensaio de voo livre, realizado no deserto Mojave da Califórnia. O Enterprise, pilotado por Pete Siebold e Mike Alsbury, planou sem motores durante 11 minutos, a mais de 13 quilómetros (45 mil pés) de altitude, numa simulação daquela que será a etapa final de uma jornada espacial. O voo decorreu sem problemas e a aeronave aterrou sem sobressaltos. "Este veículo foi desenhado como um vaivém Mach 3.5, capaz de entrar em órbita, mas é também um dos melhores planadores de grande altitude do mundo. Foi um enorme prazer pilotá-lo", declarou Siebold.
"Foi um marco importante", comentou o fundador da Virgin. "Mas esta ainda foi só a primeira de três etapas que temos de vencer antes do arranque da operação comercial", acrescentou. Branson explicou à CBS News que os próximos testes envolverão os motores e a entrada em órbita. "Estamos na fase final de um processo para ultrapassar essa última fronteira que é o espaço. Para nós, o céu já não é o limite", congratulou-se.
Com seis lugares para passageiros e dois tripulantes, o interior do VSS Enterprise é mais parecido com um avião a jacto do que com uma nave espacial.
Mas os passageiros do Enterprise também não serão exactamente astronautas: eles vão viajar até uma altitude máxima de 21 quilómetros (70 mil pés), ou seja, acima da atmosfera terrestre até ao limite oficial do espaço. É suficientemente "longe" para poderem ter uma visão do planeta Terra e experimentarem a sensação da ausência de gravidade, mas ao mesmo tempo suficientemente "perto" para que não tenham de passar pelo longo e difícil processo de treino dos astronautas. Em vez de meses de preparação técnica e física, os turistas espaciais só terão de cumprir um estágio de três dias antes de embarcar. A viagem durará aproximadamente 3,5 horas, mas só seis minutos é que serão passados no espaço suborbital. O bilhete custa 200 mil dólares.
O VSS Enterprise descola acoplado ao foguete White Knight Two (que foi baptizado VMS Eve, em honra da mãe de Richard Branson). A separação dá-se a uma altitude de 15 quilómetros (50 mil pés). O vaivém é então disparado para o espaço suborbital. Os passageiros mais aventureiros poderão desapertar os cintos de segurança e flutuar pela cabine. "Cada cadeira tem duas grandes janelas, por isso aqueles que quiserem permanecer no lugar não deixarão de aproveitar a vista", promete o panfleto publicitário da viagem.
Richard Branson anunciou em 2004 que ia acrescentar um novo ramo galáctico ao seu universo empresarial. A Virgin Galactic nasceu para ser a primeira companhia a disponibilizar rotas comerciais para o espaço, e já conta com 370 interessados - cem dos quais até já pagaram os 200 mil dólares do bilhete na totalidade, para ficar no topo da lista de passageiros.
A companhia aponta o início de 2012 como a data provável do arranque da sua operação turística espacial. "O nosso desafio agora é completar o programa experimental, obter a licença da FAA [Federal Aviation Administration] e montar o serviço de passageiros no Spaceport a tempo", referiu o CEO da Virgin Galactic George Whitesides.
Mas o potencial de lucro da Virgin Galactic não assenta exclusivamente na indústria turística. A companhia já assinou um contrato de colaboração com a NASA e com outras empresas interessadas em usar as suas aeronaves para missões científicas ou para o lançamento de satélites.
E Richard Branson já fala num novo ramo de negócio: a construção de hotéis no espaço, para servir de base aos turistas que queiram aproveitar para fazer uma extensão à Lua. "Quem é que não adorava poder ir à Lua?", perguntou.