Rinoceronte negro da África ocidental está oficialmente extinto
O rinoceronte negro da África ocidental (Diceros bicornis longipes) é declarado extinto e o rinoceronte branco da África central (Ceratotherium simum cottoni) possivelmente extinto na natureza. “A falta de apoio político às medidas de conservação em muitos dos habitats dos rinocerontes, a actuação do crime organizado e a procura cada vez maior de chifres conduziram a esta situação”, disse ontem a UICN em comunicado, aquando da apresentação da nova lista. Nos últimos anos, o tráfico ilegal dos chifres destes animais empurrou para níveis recorde a quantidade de rinocerontes abatidos.
Ao longo da última década, 8524 espécies passaram a estar ameaçadas mundialmente, fazendo a Lista Vermelha crescer das 11.046 em 2000 para as 19.570 de 2011. A Lista Vermelha, que a revista “Science” considerou no ano passado um “barómetro da vida”, reviu o estado de conservação de 61.900 espécies de plantas e animais, num planeta com 1,9 milhões de espécies já identificadas. Estima-se que existam entre dez e 20 milhões de espécies.
Em Portugal existem 245 espécies ameaçadas (164 animais e 81 plantas), 121 das quais com estatuto de Vulnerável. A UICN ainda não divulgou quais as espécies em questão e adiantou que o fará brevemente.
A Lista Vermelha de 2011 traz “boas e más notícias”, resumiu a directora do programa das espécies na UICN, Jane Smart, citada em comunicado.
Actualmente, 25% dos mamíferos estão em risco de extinção, com especial destaque para os rinocerontes. Outros problemas identificados pela UICN estão em Madagáscar, onde 40 por cento das espécies de répteis está ameaçada, e nas ilhas Seychelles, com 77% das espécies de plantas endémicas ameaçadas de extinção.
Este ano, a árvore Taxus contorta - usada para produzir Taxol, um medicamento utilizado na quimioterapia – passou da categoria de Vulnerável para Ameaçada. Esta evolução deve-se à “sobre-exploração para usos medicinais, recolha de madeira e para alimentar o gado”, diz a UICN.
Nos oceanos, cinco das oito espécies de atuns estão ameaçadas.
Os casos de sucesso incluem a recuperação das populações da subespécie de rinoceronte africano Ceratotherium simum simum - que passou de menos de cem animais no final do século XIX para os actuais 20.000 – e do cavalo Prezewalski (Equus ferus), que saiu da categoria de Criticamente em Perigo para a categoria Ameaçado.
“Nós, seres humanos, somos guardiões da Terra e responsáveis pela protecção das espécies que partilham connosco o planeta”, disse o director da comissão para a sobrevivência das espécies da UICN, Simon Stuart.