Nada nos elefantes é pequeno e as suas gravidezes não são excepção

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Um elefante recém-nascido Navesh Chitraka/Reuters

Apesar de os cientistas já saberem há mais de 50 anos que os elefantes contêm múltiplos corpos lúteos, até um máximo de 11, ainda não era claro como essas estruturas eram formadas e que papéis desempenhavam na gestação.

Na maioria dos mamíferos, um folículo ovárico forma um corpo lúteo (glândula temporária que controla os níveis hormonais durante a gravidez) em cada ciclo menstrual. A glândula temporária produz progesterona, que por sua vez vai engrossar o endométrio. Se o óvulo for fertilizado, o corpo lúteo mantém o balanço correcto de hormonas durante a gravidez para assegurar que o corpo da progenitora suporta o crescimento do feto. Se a fertilização não ocorrer, o corpo lúteo morre, voltando a formar-se no ciclo menstrual seguinte.

No caso dos elefantes, a quantidade de corpos lúteos - em média cinco durante cada ciclo menstrual - explica uma gestação longa, até 22 meses, escreve no artigo Imke Lueders, do Instituto de Investigação Zoológica e Vida Selvagem em Berlim. Um dos corpos lúteos provém de um folículo ovárico, como acontece, por exemplo, nos humanos. Mas, surpreendentemente, as estruturas restantes formam-se de folículos separados em momentos diferentes do ciclo reprodutor, que diminuem lentamente a sua produção de progesterona ao longo de cada gravidez.

Imke Lueders desenvolveu um método para acompanhar a gravidez de elefantes usando protocolos originalmente concebidos para cavalos. Os dados que obteve, depois de uma investigação que durou cinco anos, foram conseguidos através de recolhas de sangue e ecografias, para analisar a evolução hormonal dos elefantes antes, durante e após a gravidez.

Os resultados desta investigação, acredita a cientista, podem levar à criação de métodos para controlar a ovulação dos elefantes ou fazer inseminação artificial, uma das áreas de interesse para os jardins zoológicos que tentam a reprodução em cativeiro destes animais. Este também é considerado um novo ponto de partida para explorar a hipótese de que o longo período de gestação permite o desenvolvimento completo do cérebro de elefantes, que nascem já com habilidades cognitivas complexas e são imediatamente capazes de sobreviver em ambiente natural e cooperar em grupo.

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