O mapa de Mercúrio foi agora revelado durante a conferência anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência. “A câmara da Messenger tem filtros que vão do azul até perto do infravermelho, e usámos o processamento informático para aumentar as diferenças de cores muito subtis mas que estão presentes na superfície de Mercúrio”, disse David Blewett, investigador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade de Johns Hopkins.

“Existem áreas a laranja – essas são as planícies vulcânicas. Há regiões com um azul mais escuro que são ricas num mineral opaco que é, de alguma forma, misterioso – e que, na realidade, não sabemos muito bem do que se trata”, explicou à BBC News. “E depois pode-se ver as lindíssimas estrias azuis claras que riscam a superfície de Mercúrio. Essas linhas são raios de crateras formados durante os impactos de meteoros, quando a rocha do chão é arrancada e espalhada pela superfície do planeta.”

A Messenger foi lançada em Agosto de 2004, em 2008 fez a primeira aproximação a Mercúrio e só em 2011 é que se inseriu na órbita do planeta. Desde então descobriu que nas crateras mais escondidas dos pólos de Mercúrio, que atingem os 200 graus negativos, existe água congelada – uma surpresa num planeta em que a superfície exposta ao Sol pode chegar aos 400 graus. Confirmou a existência de grandes planícies de lava e verificou que na superfície existe potássio e enxofre em abundância.

“Sabemos agora que Mercúrio é um planeta excêntrico”, explica Blewett, citado pelo jornal britânico Guardian. “É o mais pequeno dos oito planetas mas é o mais denso. A estrutura interior é diferente da dos outros planetas. A geologia da sua superfície é diferente da da Lua ou da de Marte. A composição da superfície é enigmática porque… consiste em tipos de rochas sobre as quais não temos muita experiência. Tem um campo magnético global, tal como a Terra e ao contrário de Vénus e Marte.”