Ébola: OMS pede acções enérgicas para combater o pior surto de sempre

Desde Fevereiro, vírus já infectou cerca de 760 pessoas.

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O vírus do ébola CYNTHIA GOLDSMITH/AFP

Este é já considerado o maior e mais mortífero surto de sempre do vírus do ébola, segundo a OMS. O surto começou em Fevereiro deste ano na Guiné-Conacri, espalhando-se depois para a Libéria e a Serra Leoa.

O vírus do ébola mata cerca de 90% dos infectados. Não existe uma vacina para ele nem cura. O contágio faz-se através do contacto com fluidos corporais de pessoas infectadas. Por isso, a maneira de tentar conter um surto é isolando quem está contaminado. O vírus provoca hemorragias internas e externas, até que os órgãos entram em total falência. Foi identificado pela primeira vez em 1976 no Sudão e no então Zaire, actual República Democrática do Congo. Ainda não se conhece o reservatório natural do vírus.

Perante o aumento rápido de casos na última semana, a OMS alerta para a necessidade de acções drásticas para conter o vírus e evitar que se propague a mais países na região. E a reunião na capital do Gana, Accra, dos responsáveis políticos pela área da saúde de 11 países africanos – além dos três atingidos, há representantes da Costa do Marfim, da República Democrática do Congo, da Gâmbia, Gana, Guiné-Bissau, Mali, Senegal e Uganda – destina-se a coordenar a resposta regional de luta contra este surto, noticiam tanto a agência Reuters como a BBC online.

“Esperamos tomar decisões sobre a forma de melhorar a colaboração e a resposta [destes países], para que possamos controlar e parar este surto”, disse Daniel Epstein, porta-voz da OMS, citado pela BBC online. “Precisamos de uma resposta forte, particularmente nas áreas das fronteiras onde continuam a ocorre actividades comerciais e sociais entre a Guiné-Conacri, a Libéria e a Serra Leoa. É pouco provável que elas parem.”

Jeremy Farrar, especialista em doenças tropicais e director da organização The Wellcome Trust, disse à Reuters que o surto está “fora de controlo” e que as autoridades de saúde deviam pensar em desenvolver tratamentos que não sejam apenas paliativos, mas que tratem a doença.

Esta terça-feira, as autoridades da Libéria avisaram que quem for apanhado a esconder pessoas suspeitas de estarem infectadas com o vírus será acusado judicialmente. Tem havido relatos, segundo a Reuters, de que alguns familiares, curandeiros e médicos tradicionais estão a retirar doentes dos hospitais e a encaminhá-los para estas medicinas alternativas.

A Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, considerou este surto uma emergência de saúde pública do seu país e pediu que todos seguissem as indicações dadas a este respeito. “Segundo a nossa lei de saúde pública, é ilegal expor as pessoas a perigos como o ébola”, disse Ellen Johnson Sirleaf, numa declaração desta terça-feira. “Divulguem este aviso. Alguém que tenha ou que se relate ter casos suspeitos em casa ou em lugares de oração será acusado segundo as leis da Libéria.”

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