Descoberto fóssil de grande artrópode com 508 milhões de anos
Mais de uma centena de fósseis da nova espécie foi desenterrada no Canadá. Antigo artrópode era um grande predador.
Os cientistas desenterraram fósseis bem preservados de um animal que viveu há 508 milhões de anos, a que foi dado o nome de Yawunik kootenayi, e que se parece com um grande camarão. Terá sido um dos maiores predadores do seu tempo.
Contando com as garras, o animal teria cerca de 22,5 centímetros de comprimento. Este tamanho pode não parecer impressionante, mas a maioria das criaturas daquela altura era muito mais pequena.
As camadas geológicas onde o fóssil foi encontrado, no Parque Nacional Kootenay, pertencem à formação rochosa Burgess Shale, que durante mais de um século revelou fósseis excepcionais do período Câmbrico (541 a 485 milhões de anos), quando a maioria dos grupos animais surgiram. Mas esta região específica ainda não tinha sido explorada.
O nome Yawunik, que a espécie ganhou, é de um monstro marinho da mitologia dos Ktunaxa, um grupo indígena. A espécie era um artrópode primitivo, um grupo com muito sucesso que inclui hoje animais como os camarões, as lagostas, os insectos, as aranhas e os escorpiões.
O artrópode era capaz de nadar e era um predador activo, tinha duas fileiras de picos nas garras frontais, e um sistema sensitivo muito desenvolvido com dois pares de olhos e antenas elaboradas. O seu corpo tinha 17 segmentos.
“O novo fóssil mostra claramente que estes artrópodes primitivos eram predadores temíveis e sofisticados”, disse Robert Gaines, paleontólogo do Pomona College, na Califórnia, Estados Unidos, e um dos investigadores. “Os antepassados dos vertebrados [como o homem] ainda não tinham desenvolvido ossos ou mandíbulas, e eram ainda humildes comensais na base da cadeia alimentar”, acrescentou, comparando os dois grupos de animais.
Segundo Cédric Aria, um aluno de doutoramento da Universidade de Toronto, no Canadá, mais de uma centena de fósseis deste animal foi desenterrado. “Pode-se mesmo dizer que se parece com um grande camarão em que as antenas são grandes garras”, disse Cédric Aria, um dos autores do artigo sobre o fóssil publicado na revista científica Paleontology.
O artrópode tinha dois apêndices na parte da frente da cabeça que permitiam mover-se para a frente e para trás. Os picos nas suas garras ajudavam-no a agarrar as presas. As antenas elaboradas que tinha nos apêndices serviam para sentir o ambiente, não só para tactear mas talvez para detectar moléculas químicas, cheirando-as.
“Há 15 anos que estou a investigar no campo os fósseis do Burgess Shale e o Yawunik é, sem dúvida nenhuma, o mais entusiasmante e belo fóssil que já vi saído destas rochas”, disse Robert Gaines.