Curiosity a postos para furar rochas marcianas
Robô da NASA prepara-se para a tarefa mais complexa desde a aterragem “louca” em Marte, em Agosto.
Chegou a Marte em Agosto último, numa operação tão arriscada que a agência espacial dos Estados Unidos até dizia que era “louca”: do tamanho de um jipe, portanto grande de mais para aterrar com airbags, o robô ficou suspenso no ar, a 20 metros do chão, com o auxílio de propulsores, e depois desceu suavemente com cabos, algo nunca tentado no planeta vermelho.
Desde então, o Curiosity tem cirandado pela cratera Gale, que em tempos terá sido um lago, com destino a um monte que se eleva no seu interior. Já se cruzou com um antigo aluvião e com as rochas moldadas pela acção da água – é precisamente para procurar provas geológicas desse passado de água abundante em Marte que ele lá está. Se houve água, pode ter havido condições para o aparecimento de vida, e esta procura é o objectivo último das missões ao planeta.
Agora que já andou 500 metros desde o local da aterragem, está a poucos metros do sítio da perfuração. Nesse momento, o robô irá furar rochas e transferir o pó resultante para os pequenos laboratórios a bordo, onde será submetido a análises minerais e químicas. Nas amostras, os cientistas esperam encontrar, por exemplo, minerais que tenham precipitado da água.
“A perfuração da rocha para recolher amostras será a tarefa mais desafiante desde a aterragem”, sublinhou Richard Cook, do Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA, citado pelo jornal espanhol El Mundo. “Estamos entusiasmados, mal podemos esperar para começar a perfurar”, acrescentou John Grotzinger, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, segundo o britânico Telegraph.
A diferença de sondagens anteriores na superfície de Marte, por outros robôs, é que o Curiosity não se vai limitar às camadas superficiais das rochas, moendo-as, mas vai mesmo furar alguns centímetros. E isso é uma estreia em Marte.
Uma vez completada esta tarefa, o Curiosity continuará a caminhada, de seis meses, até ao monte Sharp, onde se espera que encontre acumulações de sedimentos e sinais de erosão deixados pela água. Que surpresas nos reservará Marte em 2013?