Telescópio Kepler confirmou 715 exo-planetas
Novo método permitiu verificar a existência de centenas de novos mundos. Quatro são um pouco maiores do que a Terra e poderão ter água líquida à superfície.
Entre os novos planetas, estão quatro mundos que têm menos de 2,5 vezes o tamanho da Terra e giram à volta da sua estrela na região onde pode haver água líquida à superfície destes exo-planetas. Pensa-se que a água líquida é fundamental para o aparecimento e a existência de vida.
Esta descoberta foi feita graças ao telescópio espacial Kepler, da NASA, desenhado para caçar exo-planetas. O Kepler foi lançado em 2009 e deixou de ser capaz de realizar esta tarefa em 2013 depois de surgir um problema nos instrumentos. Durante os quatro anos que funcionou correctamente, a máquina observou 160.000 estrelas-alvo e procurou planetas a girar em torno destas centenas de milhares de estrelas.
O anúncio feito agora faz com que o número de planetas confirmados pelo Kepler suba de 246 para 961. “Quase que duplicámos, só hoje, o número de planetas conhecidos pela humanidade”, disse aos jornalistas o astrónomo Douglas Hudgins, responsável pela exploração de exo-planetas da NASA, em Washington.
A confirmação da existência de tantos exo-planetas foi feita graças a uma nova técnica de verificação, que analisou o potencial de existirem um grupo de planetas em volta de uma estrela em vez de confirmar a existência individual de cada um dos planetas. O método foi desenvolvido depois de os cientistas se aperceberem que a maioria dos planetas tem outros mundos irmãos a orbitar à volta da mesma estrela, tal como o nosso sistema solar.
A descoberta também reforça os dados de que os planetas pequenos, duas a três vezes maiores do que a Terra, são comuns em toda a galáxia.
Tal como o sistema solar, que tem oito planetas, os novos exo-planetas também pertencem a famílias. Neptuno, o planeta mais longínquo do sistema solar, está 150 vezes mais distante do Sol do que a Terra, mas os sistemas estelares identificados pelo telescópio espacial são muito mais concentrados, a maioria dos planetas estão mais perto das suas estrelas-mãe do que Vénus está do Sol.
A NASA e outras agências espaciais estão a desenhar novos telescópios para analisarem melhor os exo-planetas que estão nas regiões habitáveis à volta das suas estrelas, onde a temperatura à superfície é compatível com a existência de água no estado líquido.
Um dos quatro planetas agora descoberto que está nesta situação, chamado Kepler-296f, orbita uma estrela com metade do tamanho do Sol e com apenas 5% do seu brilho. Este planeta, que tem o dobro do tamanho da Terra, poderá ser um planeta gasoso com um envelope grosso de hidrogénio e hélio, ou um mundo com um oceano profundo à superfície.
Em Março, dois artigos sobre estas descobertas serão publicados na próxima edição da revista da especialidade The Astrophysical Journal.