Chariklo, o primeiro asteróide com anéis

Até agora, conheciam-se apenas anéis à volta de planetas.

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Ilustração científica do asteróide Chariklo e os seus anéis ESO/L. Calçada/M. Kornmesser/Nick Risinger

Trata-se de dois anéis, densos e estreitos, cuja origem poderá estar numa colisão que criou um disco de detritos, segundo um comunicado de imprensa do Observatório Europeu do Sul (ESO), organização intergovernamental europeia de astronomia.

Descobertos a partir de observações em vários locais da América do Sul, incluindo o Observatório de La Silla do ESO, no Chile, os dois anéis estão “bastante confinados”, com três e sete quilómetros de largura, separados entre si “por um espaço vazio de nove quilómetros”.

O Chariklo tem 250 quilómetros de diâmetro e a sua órbita é entre Saturno e Úrano. É o maior membro de uma classe de objectos celestes conhecidos por Centauros, situados naquela região do sistema solar.

Até agora, é o corpo celeste mais pequeno do sistema solar a apresentar anéis em seu redor e o quinto com esta característica, depois dos planetas Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno. É provável que o asteróide tenha também, pelo menos, “um pequeno satélite à espera de ser descoberto”, refere o físico Felipe Braga-Ribas, do Observatório Nacional, tutelado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, e que é o principal autor do artigo científico que descreve estes resultados esta quinta-feira na revista Nature.

“Não estávamos à procura de anéis nem pensávamos que pequenos corpos como o Chariklo os poderiam ter, por isso esta descoberta – e a quantidade extraordinária de detalhe deste sistema – foi para nós uma grande surpresa”, assinalou Felipe Braga-Ribas, que liderou a equipa.

Aos anéis de Chariklo, os cientistas os nomes informais de Oiapoque e Chuí, dois rios nos extremos Norte e Sul do Brasil.