“São muito parecidas com as actuais, tanto na forma como na costura”, consideraram os responsáveis da investigação Ulrike Beck e Mayke Wagner, do Instituto Alemão de Arqueologia, citados pelo diário espanhol El País.
De acordo com o arqueólogo Mayke Wagner, em declarações à revista NewScientist, a criação desta peça, que terá sido utilizada pelos pastores nómadas da Ásia Central, deve ter ocorrido para ser mais fácil andar a cavalo. “Durante os movimentos normais, as partes internas das pernas, das virilhas e a parte inferior do abdómen não estão expostas à fricção durante um longo período de tempo. Isso só se torna um problema quando se monta a cavalo todos os dias”, realçou o arqueólogo alemão.
As calças são cosidas a partir de três peças de lã castanhas, uma para cada perna e outra para a zona das virilhas. Para Abby Lillethun, da Universidade de Montclair, nos Estados Unidos,, citada pela NewScientist, “a surpresa destas calças é o tecido utilizado nas virilhas, que fornece aspectos funcionais de protecção e também cobre a parte interna da coxa, o que garante uma maior comodidade a quem anda a cavalo”.
As calças têm ainda motivos decorativos, que segundo Mayke Wagner, demonstra que os pastores se preocupavam não só com a “função” da peça, como também com o “estilo e a aparência”.
Apesar de ser pouco habitual que tecidos sobrevivam tantos anos, sem entrarem em decomposição, os investigadores alemães acreditam que o clima seco e quente do Verão ajudou a preservar os cadáveres, as roupas e outros materiais orgânicos encontrados em torno do rio Tarim. Desde o início da década de 1970 já foram escavados naquele local mais de 500 túmulos.
Os responsáveis pelas escavações, que publicaram o estudo na revista Quaternary Internacional, não conseguiram concluir se as calças foram inventadas naquele local e depois se espalharam para outras áreas ou se, pelo contrário, surgiram em diferentes lugares do globo em épocas independentes.