Água terá corrido à superfície de Marte há menos tempo do que se pensava

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Os depósitos de gelo formaram-se durante a última era glacial em Marte NASA/Reuters

Os cientistas sabiam já que estes canais são estruturas relativamente jovens na superfície do Planeta Vermelho, mas não tinham ainda encontrado um método de datação eficaz e é aqui que o estudo divulgado na edição deste mês da “Geology” inova.

O sistema de canais, de dimensões “modestas”, foi encontrado dentro de uma cratera na Promethei Terra, uma zona montanhosa no hemisfério Sul de Marte. À primeira vista, as imagens captadas pelo Mars Reconaissance Orbiter mostram um único canal com vários metros de extensão, mas uma análise mais detalhada permitiu aos cientistas identificar quatro torrentes diferentes, cada uma delas transportando sedimentos para uma lagoa de retenção.

Analisando os sedimentos os cientistas concluíram que eles foram ali depositados em momentos diferentes: um dos agrupamentos apresenta pequenas crateras, que terão sido provocadas pelo impacto de fragmentos de meteoritos (que atingem a espaços regulares os planetas) enquanto os outros três surgem incólumes, o que indicia que são mais recentes.

Os cientistas acreditam que as marcas no agrupamento mais antigo foram provocadas pelo mesmo meteorito que gerou uma cratera maior, a mais de 80 quilómetros de distância e, usando técnicas de datação, concluíram que o impacto ocorreu há cerca de 1,25 milhões de anos. Ficou assim estabelecido que as torrentes de água mais recentes ocorreram depois daquela data. Isto significa que a água terá corrido à superfície de Marte muito depois do que se acreditava até agora.

A equipa concluiu ainda que as torrentes foram geradas pela fusão de depósitos de gelo que se terão formado longe dos pólos durante aquela que terá sido a mais recente era glaciar em Marte. Este arrefecimento foi provocado por uma maior inclinação do eixo do planeta e, quando há cerca de meio milhão de anos, a situação se alterou assistiu-se a pequenos degelos ou, na maioria dos casos, à sublimação da água (passagem do estado sólido ao estado gasoso).

A equipa estudou outras possibilidades para a formação destas canais – como a irrupção de águas subterrâneas – mas a hipótese foi afastada. “Não temos água suficiente para criar um lago onde se possam deitar peixes, mas temos água resultante de um degelo”, explicou Samuel Schon, primeiro autor do estudo, adiantando que este fenómeno “não durou muito, mas aconteceu”.

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