15 vinhos para substituir as peúgas nas ofertas de Natal

Oferecer vinho tem uma grande vantagem: há escolha para todas as bolsas. Com pouco dinheiro, podemos fazer boa figura e meter até algum sainete, ao passarmos por entendidos na arte.

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Se vai oferecer vinho neste Natal, preste atenção às sugestões dos críticos do PÚBLICO Anna Costa
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O Natal está à porta…, mas o último não foi há pouco tempo? Foi mesmo. Parece que ainda estamos a ouvir George Michael, Mariah Carey… O tempo voa. Está de novo na hora de começar a pensar no presépio, nas rabanadas, nos sonhos, nos formigos, na aletria, no bolo-rei, nos presentes para os mais próximos. Se é daqueles que chega quase à noite da Consoada sem saber o que comprar, pense em ofertas práticas. Um livro, por exemplo, cai sempre bem e tem grande utilidade. Azeite e vinho também. Com sorte, ainda pode vir a desfrutar do que oferecer.

Oferecer vinho tem uma grande vantagem: há escolha para todas as bolsas. Com pouco dinheiro, podemos fazer boa figura e meter até algum sainete, ao passarmos por entendidos na arte. E, se o dinheiro não for um problema, o leque de grandes vinhos para se oferecer é quase infinito. De brancos e tintos tranquilos, a fortificados do tipo Porto, Madeira e Moscatel, passando por espumantes e champanhes, não falta por onde escolher. Mesmo que seja nacionalista e só queira oferecer vinho português, é bem provável ter uma boa dor de cabeça na hora de escolher a tal garrafa ou garrafas. Nunca houve tantos e tão bons vinhos em Portugal. Começa até a ser difícil ter-se uma ideia do tanto que se produz com qualidade de Norte a Sul do país e nas ilhas.

Se os seus conhecimentos sobre vinho forem rudimentares, não faltam garrafeiras onde o podem aconselhar. E, se optar por comprar nas grandes superfícies, uma boa dica é seguir o critério do preço. Os mais caros costumam ser também os melhores. E os mais baratos os piores. Por regra, porque há vinhos caros que não valem o que custam e há vinhos baratos que são bastante bons.

Para lhe facilitar o trabalho, escolhemos 12 vinhos que podem dar boas prendas neste Natal. São escolhas mais ou menos aleatórias, que abarcam estilos e gostos diferentes e que têm em comum serem todos garantidamente bons. Entre oferecer um mau vinho ou um par de meias, é sempre preferível apostar nas meias. Pelo menos, respeitamos a tradição. PG

Nome Quinta do Perdigão Encruzado 2022

Produtor Quinta do Perdigão;

Castas Encruzado

Região Dão

Grau alcoólico 13%

Preço (euros) 12

Pontuação 91

Autor Pedro Garcias

Notas de prova Quem oferecer este branco da Quinta Perdigão (Silgueiros, Viseu, região do Dão), estará a oferecer um belo vinho e também uma garrafa com um bonito rótulo, desenhado por Vanessa Chrystie, companheira do proprietário, José Perdigão, que partilha a enologia com a filha, Mafalda Perdigão. Os vinhos desta quinta são feitos sem concessões comerciais, respondendo apenas ao gosto irreverente dos seus criadores. Mas isso não quer dizer que sejam pouco consensuais. Este Encruzado, por exemplo, é um daqueles brancos que toda a gente gosta, porque é mesmo bom, possuindo uma notável harmonia e uma grande riqueza gustativa.

Nome Quanta Terra Family Edition Branco 2007

Produtor Quanta Terra;

Castas Gouveio e Viosinho

Região Douro

Grau alcoólico 11,5%

Preço (euros) 150

Pontuação 97

Autor Manuel Carvalho

Notas de prova No princípio, havia uma barrica de vinho branco que tinha como destino servir de base para espumante. Com o passar dos anos, a equipa de enologia da Quanta Terra foi dando conta que ali estava a acontecer uma evolução que merecia ser acompanhada. Dezassete anos depois, aí está um dos grandes vinhos brancos da presente geração. Rico em aromas, com notas oxidativas temperadas com frutos secos e uma sugestão de banana, com um corpo tenso e vibrante e uma acidez fresca, deliciosa e persistente. É um branco que com a idade conservou a garra e desenvolveu complexidade e finesse. Foram produzidas 600 garrafas, apenas. Um branco para apreciar já, mas que tem ainda tanta vida que continuará a crescer nos próximos anos.

Nome Brejinho Atlântico Selection 2022

Produtor Quinta do Brejinho da Costa;

Castas Alvarinho, Encruzado, Semillon

Região Península de Setúbal

Grau alcoólico 12,5%

Preço (euros) 100

Pontuação 93

Autor Manuel Carvalho

Notas de prova No vinho, e não só, as narrativas do marketing contam. Este vinho da Quinta Brejinho da Costa procura esse caminho, tendo para oferecer como história um estágio de um ano, no mar, a 10 metros de profundidade, onde se regista uma temperatura constante de 14º. Um estágio numa boa cave não produziria resultados diferentes, mas não permitiria que a garrafa ficasse encrustada com conchas. Ora é isso que torna este vinho diferente, algo original, e apelativo para quem procura uma prenda. De resto, o vinho em si mesmo é muito bom, fresco e elegante, com salinidade das areias perto do mar. E é raro – produziram-se apenas 200 garrafas. Juntando raridade e originalidade, temos assim uma sugestão a ter em conta.

Nome Quinta da Alameda Tinto 2020

Produtor Quinta da Alameda;

Castas Touriga Nacional e Vinha Velha

Região Dão

Grau alcoólico 13,5%

Preço (euros) 32,50

Pontuação 94

Autor José Augusto Moreira

Notas de prova Tinto do Dão de grande finesse e elegância, que além de belíssima prenda distingue também, pelo bom gosto, quem a oferece. Também porque remete para a elegância, subtileza de profundidade dos clássicos tintos da região. Um vinho lindo, cor púrpura que brilha no copo, de aromas profundos de bosque e flores silvestres, amoras, morangos e perfume de lagar. Na boca é fresco e guloso, com intensidade saborosa, corpo fino, grande elegância e complexidade. Final longo, intenso, fresco, que pede sempre um novo trago. Bem vistas as coisas, o melhor é guardar também para oferecer a si próprio.

Nome Vargellas Vinha Velha 2017 Porto Vintage

Produtor The Fladgate Partnership;

Castas Vinha Velha

Região Douro

Grau alcoólico 20,5%

Preço (euros) 265

Pontuação 98

Autor José Augusto Moreira

Notas de prova Se um grande Vinho do Porto é a prenda por excelência dos portugueses, este tem ainda muito mais significado. Não só por ser um Vintage extraordinário, mas também porque concentra em si aquilo que é a essência do vinho fortificado mais famoso do mundo. A técnica do blend, a virtuosa conjugação de vários vinhos, neste caso potenciada ainda pelo saber secular da vinha velha e a sábia mistura de castas no terreno que consegue criar vinhos em perfeita harmonia com a natureza. Neste caso um blend não de uma, mas de várias vinhas velhas. Mas é, sobretudo, um Vintage fabuloso. Pela profundidade fresca que conjuga notas vegetais e de frutos negros que se multiplicam em diversas camadas e dimensões ao longo da prova. A fruta é rica e voluptuosa, uma enorme concentração que preenche o palato com sabores silvestres e especiados, tudo sublinhado pelos taninos espessos e vigorosos que lhe garantem longos anos de gloriosa evolução.

Nome Quinta da Giesta Colheita Tardia Branco 2022

Produtor Boas Quintas;

Castas Encruzado e Malvasia Fina

Região Dão

Grau alcoólico 12%

Preço (euros) 20

Pontuação 90

Autor Pedro Garcias

Notas de prova Escondido numa bonita embalagem cilíndrica, este branco de colheita tardia da Quinta da Giesta, Mortágua, Dão, parece um vinho mesmo feito à medida para ser presenteado. São apenas 375 mililitros de um vinho doce, com notas meladas e outras menos evidentes de fruta tropical, feito a partir de uvas sobremaduras de Encruzado e Malvasia Fina. A interrupção da fermentação destes vinhos, para ficarem doces, é feita ou pelo frio ou pela adição de sulfuroso. São vinhos com um aroma muito característico e agradabilíssimo que casam bem com doces e também como aperitivo, com amêndoas torradas, por exemplo. Deve ser servido frio, mas não gelado.

Nome Noval Porto 50 Anos

Produtor Quinta do Noval;

Castas Mistura de castas

Região Douro

Grau alcoólico 22%

Preço (euros) 425

Pontuação 99

Autor Manuel Carvalho

Notas de prova A Noval é conhecida e reconhecida pelos seus Porto Vintage e pelos Colheita. Mas não é muito difícil adivinhar que quem tem tanto saber e tradição guardados na cave dispõe de condições para fazer lotes de excelência. Caso deste 50 anos. Um vinho que provoca tantas sensações no nariz e no palato que requer algum tempo de meditação para que se perceba o que nos está a acontecer. Entre a fruta seca e notas cítricas do aroma, um corpo que se cola na boca e se desdobra em sensações ricas e prolongadas, entre a amêndoa, a especiaria e notas de acidez, este vinho é um compêndio sobre tudo o que significam os grandes Porto com décadas de vida ao sabor da oxidação. Uma coisa do outro mundo.

Nome Ameixambar Branco 2022

Produtor Adega do Vulcão;

Castas Verdelho e Arinto dos Açores

Região Açores

Grau alcoólico 13%

Preço (euros) 30

Pontuação 94

Autor Edgardo Pacheco

Notas de prova Nos Açores, os vinhos com fama são feitos numa só ilha (Pico, Graciosa e Terceira), mas há um caso em que as uvas são provenientes de duas: Faial e Pico. É o Ameixambar, da Adega do Vulcão. Só o facto de as uvas criadas por um casal italiano junto ao vulcão dos Capelinhos atravessarem o canal entre o porto da Horta e o porto da Madalena dá uma certa nota romântica à coisa. Seja como for, estamos perante um grande branco que, tendo as notas clássicas dos vinhos do Pico, vem com um acréscimo de mineralidade, resultante dos solos de cinza vulcânica do Faial. Apesar de ter aptidão gastronómica, apetece bebê-lo sozinho, na companhia de Mau Tempo no Canal.

Nome Altas Quintas Reserva 2022

Produtor Altas Quintas;

Castas Verdelho e Arinto

Região Alentejo

Grau alcoólico 12,5%

Preço (euros) 30

Pontuação 93

Autor Edgardo Pacheco

Notas de prova O projecto Altas Quintas mudou de mãos, mas a ideia é continuar a fazer vinhos com capacidade de envelhecimento, ao mesmo tempo que se abre a adega para novas experiências, visto que Ricardo Leitão Machado — actual proprietário — é homem de natureza irrequieta. Este Altas Quintas Reserva Branco de 2022 é feito de Arinto e Verdelho e as uvas têm tratamento clássico ao nível de fermentação, pelo que a fruta mistura-se com as notas das borras e com os aromas minerais. Agora, na boca, a untuosidade e a frescura do vinho são uma festa. Para aqueles que têm amigos adeptos do peru recheado (Deus lhes perdoe), cá está uma boa solução de presente.

Nome Costa Boal Homenagem Reserva Rosé 2023

Produtor Costa Boal;

Castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz

Região Douro

Grau alcoólico 13%

Preço (euros) 90 (1,5l)

Pontuação 90

Autor José Augusto Moreira

Notas de prova Agora que os rosés entraram definitivamente no gosto e nos hábitos dos consumidores, fará seguramente muito boa figura uma prenda rosada. Não apenas porque é bonito e elegante, mas sobretudo porque se trata de um vinho com boa estrutura, complexidade e grande sentido gastronómico. E que existe apenas em garrafa magnum, o que também valoriza a prenda. Suave prensagem de cachos inteiros com fermentação espontânea a proporcionar um vinho subtil e elegante, mas com intensidade e complexidade de boca e grande sentido gastronómico. Numa elegante cor salmão, perfeita para a celebração.

Nome Vieira de Sousa Porto Colheita 1994

Produtor Vieira de Sousa;

Castas Mistura de castas

Região Douro

Grau alcoólico 19,5

Preço (euros) 98

Pontuação 95

Autor Edgardo Pacheco

Notas de prova Um Porto Tawny encanta-nos pela natureza (é único no mundo), pela arte do enólogo e pela resiliência do produtor que produz vinhos que serão lançados décadas mais tarde. As irmãs Luísa e Maria Borges conseguem hoje brilhar com este Vieira de Sousa Colheita 1994 porque o pai andou décadas a armazenar vinhos, à espera que o tempo lhes desse mistério. É por isso que quando oferecemos este vinho desafiante pelos aromas e sabores que nos levam para madeiras exóticas e especiarias devemos contar estes detalhes. Houve alguém que teve paciência e muito bom gosto para nos dar tanto prazer, hoje.

Nome Quintas de Melgaço Alvarinho Nature 2023

Produtor Quintas de Melgaço;

Castas Alvarinho

Região Vinhos Verdes

Grau alcoólico 12,5%

Preço (euros) 17,95

Pontuação 91

Autor Pedro Garcias

Notas de prova Alvarinho da sub-região de Monção-Melgaço muito vibrante, com uma acidez afiada e seivosa, revelando bem a origem (Melgaço). Parece-se mais aos Alvarinho atlânticos da Galiza do que aos Alvarinhos mais calorosos de Monção. Muito bom. Requer mesmo comidas apropriadas, como marisco e peixe com alguma gordura.

Nome Quinta das Marias Reserva Touriga Nacional 2020

Produtor Quinta das Marias;

Castas Touriga Nacional

Região Dão

Grau alcoólico 14,5%

Preço (euros) 80 (PVP recomendado)

Pontuação 95

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova Fruta vermelha e escura (ameixa, daquela que pinta, framboesa, mirtilos...), fresca, o lado varietal da Touriga Nacional, com a esteva e aromas mais arbustivos, e um ligeiro toque especiado. Tanino rugoso, mas muito elegante, e uma frescura que se fica e perdura. Acidez ‘picante’, num vinho potente sem ser pesado. Final longo, num vinho que adivinhamos longevo. Uma edição especial, de 1.200 garrafas, com rótulos personalizados, pintados à mão, e destacáveis da garrafa, pelo escultor Paulo Neves. Para quem aprecia arte, nas suas várias formas, tanto como a beleza do que é harmonioso.

Nome Cartuxa Colheita Tardia Branco 2018

Produtor Cartuxa;

Castas Arinto e Roupeiro

Região Alentejo

Grau alcoólico 12%

Preço (euros) 33,49 (3,75 cl; na Cave Lusa)

Pontuação 95

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova Delicada, oferece um bouquet inebriante e distinto do que esperaríamos de uma colheita tardia: fruta — cheira-nos a pêra (bêbeda), a uvas e a pêssego, por aí —, camomila, chá, folhas de tabaco. Na boca, é um vinho doce muito elegante e fino, ou seja, é doce na medida certa. E tem uma belíssima acidez, que faz dele um bom par para diferentes ofertas gastronómicas. Provámo-lo a acompanhar fois gras com flor de sal, uma ligação fantástica, pelas mãos do chef Leopoldo Calhau. É a quarta edição e a colheita de 2018 deu substancialmente menos produção que o habitual: 20 mil garrafas de 37,5 cl. Original, é uma pequena jóia escondida no portefólio da Cartuxa.

Nome Heritage Tinto 2020

Produtor WineStone;

Castas Syrah, Touriga Nacional, Touriga Franca, Alicante Bouschet e Petit Verdot

Região Alentejo

Grau alcoólico 14%

Preço (euros) 49 (PVP recomendado)

Pontuação 95

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova Produzido apenas nos melhores anos, junta as melhores uvas da Ravasqueira e estagiou 24 meses em barricas de carvalho francês novas e mais um ano em garrafa. No nariz, oferece fruta vermelha e preta e cheiros do bosque, com toques fumado e mentolado. Tudo muito fresco. Assim como na boca, onde se mostra profundo, com garra tânica e riquíssimo no seu volume e complexidade. Termina, como começa, com uma frescura notável. Vinho envolvente e, que sendo muito bom agora, pode perfeitamente ser guardado para abrir mais tarde. Fica na memória, o que faz dele uma belíssima prenda para os que nos são próximos ao coração.

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