15 vinhos para contentar toda a gente na ceia de Natal

O mais importante é não estragar o jantar, mas pode melhorá-lo com o vinho certo. Não é fácil, há gostos diferentes. Estas escolhas não deixarão ninguém ficar mal, nem mesmo o bacalhau e o peru.

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Sugerimos-lhe 15 vinhos para a mesa de Natal Nelson Garrido
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A ceia de Natal tem um problema com o vinho ou vice-versa: tirando os casos daqueles que, por diversos motivos, são obrigados a passar a Consoada sozinhos, junta sempre muita gente. E a maioria dos convivas sabe pouco sobre vinho, pelo que, e sem ofensa, bebe o que lhe puserem na mesa, seja caro ou barato, muito bom ou assim-assim.

Para o “especialista” de vinhos da família, coloca-se a eterna dúvida: sirvo o tal vinho especial, sabendo que alguns familiares não lhe vão dar o devido valor? Ou opto por uma escolha intermédia, que não deixe ninguém mal, nem mesmo o bacalhau e o peru? Não é um dilema fácil de resolver. Em teoria, e pelo simbolismo do momento, não há melhor ocasião do que a ceia de Natal para se abrir a melhor garrafa. Mas, olhando mais friamente para a questão, custa sempre servir o melhor vinho a quem, por desconhecimento ou até desinteresse, lhe passará ao lado.

Cada um que decida. O mais importante é não estragar o jantar e, de preferência, melhorá-lo com a escolha certa do vinho. Escolha certa que não é fácil, porque há diferentes gostos na mesa. Mas também não façamos disto um bicho-de-sete-cabeças. Basta seguir o básico: um espumante ou champanhe para as entradas, ou até um branco seco; um tinto para o bacalhau, ou até um branco com mais músculo, estagiado ou não em barrica, mas sempre com boa acidez; outro tinto para o peru, nas casas em que é tradição comer-se peru assado, ou também um branco seco, porque não?; e um generoso para as sobremesas. Tudo na temperatura certa: os tintos entre os 14 e os 16 graus, os brancos entre os 12 e os 14 graus, os vinhos com bolhinhas entre os seis e os oito graus e os generosos à mesma temperatura dos brancos.

Estando receptivo a sugestões, pode sempre espreitar as escolhas que fizemos para si, valorizando a tal escolha intermédia, para deixar toda a gente contente. Se correr mal, faremos a devida penitência.PG

Nome Menin Grande Reserva Tinto 2019

Produtor Menin Douro Estates;

Castas Várias de Vinhas Velhas

Região Douro

Grau alcoólico 15%

Preço (euros) 50

Pontuação 94

Autor Pedro Garcias

Notas de prova Um tinto musculado, apimentado e fogoso, proveniente de vinhas centenárias da sub-região do Cima Corgo, no Douro. É impressionante a sua riqueza, tanto de aroma como de sabor. Tem grande madureza mas também um delicioso frescor balsâmico. Perfeito para o bacalhau assado.

Nome Quinta de Azevedo Loureiro Escolha 2022

Produtor Sogrape;

Castas Loureiro

Região Vinhos Verdes

Grau alcoólico 12%

Preço (euros) 10,70

Pontuação 92

Autor Pedro Garcias

Notas de prova Uma delícia de branco, bem representativo do grande potencial da casta Loureiro na região dos Vinhos Verdes. Tem apenas 12% de álcool, pelo que a acidez, que é naturalmente alta nesta variedade, podia ser excessiva. Mas não. Está tudo bem casado, num registo de grande precisão e sabor. O lado mais verde da casta é muito exaltante e casa bem com pratos com gordura, como é o caso do bacalhau assado bem regado com azeite.

Nome Esculpido Avesso Vinhas Velhas 2021

Produtor A&D Wines;

Castas Avesso

Região Vinhos Verdes

Grau alcoólico 13,5%

Preço (euros) 25

Pontuação 91

Autor Pedro Garcias

Notas de prova Branco fermentado e estagiado durante 12 meses em barrica de carvalho francês. A casta Avesso é fina e seivosa e não produz grande alarido aromático (prevalece um toque cítrico) e neste vinho mostra o seu melhor. Um belo vinho que pode encaixar muito bem na mesa gorda de Natal, tanto para os salgados de aperitivo como para parceiro dos pratos principais.

Nome Quinta de S. Salvador da Torre Loureiro 2023

Produtor Granvinhos;

Castas Loureiro

Região Vinhos Verdes

Grau alcoólico 12,5%

Preço (euros) 9,49 (PVP recomendado)

Pontuação 92

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova É o primeiro lançamento do projecto da Granvinhos no Vale do Lima. Orgulhoso da sua origem, este branco da Região dos Vinhos Verdes casará bem com o polvo de Natal assado no forno ou até mesmo com o bacalhau se este for cozinhado numa versão que leve azeite q.b. Elegante, sério, mas com arestas, tem aromas frescos — citrinos, maçã verde, um lado floral, de laranjeira e vegetação ribeirinha, com hortelã e outras ervas assim, cheirosas — e uma acidez vibrante, que limpará a gordura de um desses pratos. É fresco, sem deixar de ser saboroso. Também casará bem com queijos.

Nome Calcário3 do Principal Chardonnay 2022

Produtor The Fladgate Partnership;

Castas Chardonnay

Região Bairrada

Grau alcoólico 13%

Preço (euros) 18,5 (PVP recomendado)

Pontuação 92

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova Um vinho para o bacalhau. No nariz, notamos-lhe fruta de caroço e um lado floral, mas também pedra molhada e uma tosta ligeira, enquanto na boca o sabor que apanhamos vai mais à fruta tropical, mas sem exageros, num vinho tão fresco como cremoso. Há anos em que o Chardonnay na Bairrada vai mais para esse perfil tropical. Este vem das Colinas de São Lourenço, uma das propriedades onde a Fladgate faz agora vinhos tranquilos. Está no seu momento ideal de consumo.

Nome Mater-Dôme Tinto 2007

Produtor Mateus Nicolau de Almeida;

Castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca

Região Douro

Grau alcoólico 13,5%

Preço (euros) 35 (PVP recomendando)

Pontuação 94

Autor Ana Isabel Pereira

Notas de prova Para casas onde haja a tradição de cozinhar cabrito ou borrego pelo Natal. Este é um vinho que pretende mostrar a Mêda — é “filho das vinhas altas” — e em concreto a experiência do produtor naquele terroir. Tem 17 anos (‘nasceu’ em pipas de carvalho francês francês e depois esteve 15 anos em cuba), mas só foi engarrafado em 2024. O resultado é um vinho evoluído, sem ser velho. Tem fruta vermelha e preta (morango, ameixa...), um lado tostado vincado, quase cheira a fumeiro, e na boca é sedoso, fresco e algo terroso, confirmando-se também a tal fruta — macerada, pareceu-nos. Suscitará conversa onde quer que seja servido.

Nome Casa Amarela Reserva Branco 2023

Produtor Quinta Alta;

Castas Viosinho, Rabigato, Malvasia Fina

Região Douro

Grau alcoólico 13,5%

Preço (euros) 14,95

Pontuação 92

Autor Manuel Carvalho

Notas de prova A dúvida é eterna e ainda bem: para o bacalhau, branco ou tinto? Ou, por outras perguntas, bacalhau é carne ou peixe? Tanto faz, há boas opções num e noutro caso, desde que, se a escolha for branco, se evite um vinho com pouco volume de boca, défice de acidez ou excesso de fruta. Aqui chegados, o Casa Amarela cumpre os requisitos. No aroma é vistoso e intenso, com notas de fruta de polpa branca a dominar, mas entre as quais se notam ligeiras sugestões de fruta tropical. Na boca, porém, a expressão de fruta é mais contida e se não é um gigante pela acidez, tem uma gordura de boca que se há-de bater bem com a gordura do azeite ou do próprio bacalhau.

Nome Manoella Vinhas Velhas 2021

Produtor Wine & Soul;

Castas Vinhas Velhas (mistura de castas)

Região Douro

Grau alcoólico 14%

Preço (euros) 80

Pontuação 95

Autor Manuel Carvalho

Notas de prova No portefólio da Wine&Soul da dupla Jorge Serôdio Borges e Sandra Tavares da Silva, destaca-se o Pintas. O que é normal até por ser o vinho da gama alta da casa com mais anos de prova e reconhecimento. Mas há muito que o Manoella Vinhas Velhas chama a atenção e adquire estatuto. Porque é um primor de elegância e sofisticação. Por ser proveniente de vinhas velhas do vale do Pinhão, claro está, ou por revelar uma feição no aroma e na finesse própria da Touriga Nacional da melhor estirpe. É um daqueles vinhos capazes de gerar aplauso geral, como se recomenda num jantar de família e amigos. Os mais versados na arte da enofilia hão-de apreciar a sua definição e o seu balanço e os menos experimentados não deixarão de notar que há no seu perfil a classe e o carácter que se expressam pela delícia dos seus aromas e dos seus sabores.

Nome Ventozelo Porto Colheita 1994

Produtor Granvinhos;

Castas Castas tradicionais do Douro

Região Douro

Grau alcoólico 20%

Preço (euros) 30

Pontuação 93

Autor Manuel Carvalho

Notas de prova Na data em que celebra dez anos de integração na Granvinhos (o antigo grupo Gran Cruz), a Quinta de Ventozello decidiu lançar uma edição especial de um Porto Colheita dessa data. Um vinho que tem tudo o que é essencial para as sobremesas tradicionais da quadra: estrutura, frescor e sugestões de fruta já bem integradas num leque de aromas onde a oxidação se mostra através de notas cítricas e de frutas secas. Não é um exemplo acabado da complexidade e intensidade dos grande Colheitas, os que passam décadas nos cascos de Gaia a crescer. Mas é já uma óptima proposta para doces como o indispensável leite-creme. Não se esqueça de o refrigerar antes de servir.

Nome Adega do Cartaxo Tejo Castelão 2023

Produtor Adega Cooperativa do Cartaxo;

Castas Castelão

Região Tejo

Grau alcoólico 13,5

Preço (euros) 14,50

Pontuação 92

Autor Edgardo Pacheco

Notas de prova Depois de uma prova de antologia com vinhos velhos brancos de Fernão Pires e do relançamento de um branco de 97, a Adega Cooperativa do Cartaxo (a celebrar 70 anos) lançou uma linha dedicada a duas castas que dão nome à região: o Adega do Cartaxo Tejo Fernão Pires e o Adega do Cartaxo Tejo Castelão. Pela pureza aromática da casta (sem qualquer maquilhagem de barrica), surpreendeu-nos o tinto bastante jovem, cheio de frutos vermelhos, notas vegetais e fumadas. Na boca, equilíbrio e aquela frescura que faz com que nunca nos enjoemos do vinho, o que dá sempre jeito por estes dias. Muito vinho por pouco dinheiro.

Nome O Fugitivo Pinot Noir 2021

Produtor Casa da Passarella;

Castas Pinot Noir

Região Dão

Grau alcoólico 13 %

Preço (euros) 32

Pontuação 94

Autor Edgardo Pacheco

Notas de prova A vinha de Pinot Noir foi plantada há décadas na serra para funcionar como pé de cuba. Sucede que o enólogo Paulo Nunes entendeu que a casta amada pelos maluquinhos do vinho daria origem a uma chancela própria. E fez bem, porque, provado ao lado dos outros vinhos da casa, serve para nos mostrar quão especial é o Dão. O que aqui temos é um tinto aberto de cor, com muita casca de frutos vermelhos e uma boca sedosa e aveludada, porque é um vinho do Dão e porque estagiou em madeiras usadas. Guloso que se farta.

Nome Adega Mayor Esquissos (- é +)

Produtor Adega Mayor;

Castas Arinto

Região

Grau alcoólico 9%

Preço (euros) 16,50

Pontuação 91

Autor Edgardo Pacheco

Notas de prova Como se se percebe pela leitura da edição da Fugas em que este vinho sai, o teor de álcool nos vinhos está debaixo de fogo. Se retirarmos certos exageros e discursos radicais, é uma moda que veio para ficar, pelo que as adegas estão atentas, como é o caso da Adega Mayor que, com a casta Arinto, arriscou num vinho que até espanta porque, OK, sente-se leveza, mas sem que se perca a seriedade. Aromas de flores e ervas secas, com a boca a mostrar vigor, boa acidez e harmonia. De maneira que, para aqueles amigos que se preocupam com o volume de álcool, é aproveitar. Ah, o nome lê-se 'menos é mais'.

Nome O Fugitivo Espumante Baga 2018

Produtor Casa da Passarella;

Castas Baga

Região Dão

Grau alcoólico 13%

Preço (euros) 45

Pontuação 90

Autor José Augusto Moreira

Notas de prova Belíssimo espumante do Dão, da Casa da Passarella, com a assinatura de Paulo Nunes. Não só para início de noite mas também para as costumeiras sobremesas da ceia de Natal. A envolvência saborosa, os aromas tostados de fermentos e padaria que resultam do longo estágio com borras antecipam a prova de boca de grande elegância, sabor e intensidade. Mousse cremosa, acidez fina e fresca, muito vivo e elegante, cheio de sabor que remete para morangos e frutos silvestres, com final longo e de grande intensidade. Um belíssimo espumante bruto natural que, pela novidade, será também uma bela prenda. Mas atenção, convém estar prevenido que vão sempre pedir mais.

Nome Porta dos Cavaleiros Reserva Especial Branco 2017

Produtor Caves São João;

Castas Encruzado e Malvasia Fina

Região Dão

Grau alcoólico 13%

Preço (euros) 22,90

Pontuação 93

Autor José Augusto Moreira

Notas de prova Em noite de tradição, nada melhor que um branco de grande tradição. E, já agora, grande prestígio também. Depois de duas décadas de espera, as Caves São João lançaram o branco da colheita de 2017, um branco que cresce à mesa e que pela estrutura e acidez envolvente será parceiro insuperável para o bacalhau cozido com couves e regado por bom azeite, como manda a tradição. Mais do que um ícone dos brancos nacionais – o primeiro foi lançado em 1963 –, é um vinho de frescura e equilíbrio extraordinários e com grande sentido gastronómico, daqueles que nunca cansam na boca.

Nome Mamoré Vinhas Sequeiro Trincadeira Tinto 2020

Produtor Sovibor;

Castas Trincadeira

Região Alentejo

Grau alcoólico 14,5%

Preço (euros) 39

Pontuação 93

Autor José Augusto Moreira

Notas de prova Um tinto de memória, daqueles que remetem para a elegância, complexidade e intensidade e equilíbrio dos tintos alentejanos de há umas décadas. Vinhas de sequeiro no planalto da Orada (sim, a mais de 400m), com décadas de consistência e raízes profundas, a proporcionarem uma fruta intensa, com textura elegante e equilíbrio ácido. Além de elegante, é um tinto de grande frescura e profundidade, textura fina, com taninos maduros e algum vegetal, cheio de sabor, intensidade e uma frescura notável. Para avivar memórias dos Natais de grande tradição.

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