A revolução tranquila de Martínez vai continuar

Selecção portuguesa defronta neste sábado, no Estádio da Luz, a Bósnia-Herzegovina, no terceiro jogo de qualificação para o Euro 2024.

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Pepe e Ronaldo à conversa com Roberto Martínez LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS
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A selecção portuguesa mudou de treinador, mas não mudou assim tanto. Roberto Martínez tem operado uma revolução tranquila desde que ocupou o lugar deixado vago por Fernando Santos, mudando o perfil táctico da equipa (três centrais), mas mantendo quase tudo o resto no lugar. Os primeiros resultados foram animadores, duas vitórias de goleada a Liechtenstein (4-0) e Luxemburgo (6-0), mas o nível de dificuldade vai subir neste sábado, frente à Bósnia-Herzegovina (19h45, RTP1), em teoria o adversário mais complicado para a selecção portuguesa no Grupo J de qualificação para o Euro 2024. E o técnico espanhol está bem consciente do que a selecção balcânica pode valer.

Ao contrário de Portugal, que fez o pleno nos seus dois primeiros jogos de qualificação, a Bósnia teve um arranque de campanha com uma vitória (3-0 à Islândia) e uma derrota (2-0 frente à Eslováquia). Ainda assim, Martínez olha para esta equipa orientada por Faruk Hadzibegic (que também vai fazer o seu terceiro jogo como seleccionador bósnio) como "uma equipa muito completa, com uma mistura perfeita".

"É uma selecção muito competitiva, tem um treinador com uma clareza táctica, que utiliza os seus jogadores de uma forma muito clara. É uma selecção forte, com grande intensidade competitiva e é uma oportunidade para ver o nosso nível", assinalou o técnico espanhol.

Não é expectável que Martínez mude muito para o primeiro dos dois jogos que vai fazer em 72 horas – depois dos bósnios, Portugal vai defrontar a Islândia em Reiquejavique, na próxima terça-feira. Mas o técnico espanhol preferiu não abrir muito o jogo sobre quem irá alinhar, excepto em dois casos. Gonçalo Ramos não estará disponível para qualquer um dos jogos (foi mesmo dispensado) e Diogo Costa será o guarda-redes titular, depois de ter sido Rui Patrício o dono da baliza portuguesa com Liechtenstein e Luxemburgo.

“Acho que a posição de guarda-redes é especial, precisamos de ter clareza. Gostei muito da atitude dos três guarda-redes e todos vimos as boas performances do Rui, que é jogador-chave do balneário. No estágio de Março, ele foi perfeito, mas precisamos de clareza, neste momento o número um é o Diogo Costa, o número dois é o Rui Patrício e o número três é o José Sá. Gosto de ter clareza", justificou Martínez sobre a sua opção de entregar a baliza ao guardião do FC Porto.

Já passaram seis meses desde que Martínez foi apresentado como novo seleccionador português, e ainda não se cumpriram sequer três meses desde que Portugal se estreou já orientado pelo “ex” da Bélgica. E como Martínez avalia a evolução da equipa? Já está próximo do que tem na cabeça? “Acho que já vimos o Portugal que eu gosto na segunda parte do jogo com o Liechtenstein e no jogo de Luxemburgo. Precisamos de crescer, os jogadores surpreenderam-me, mas precisamos de mais tempo.”

Este será um jogo que irá aproximar Cristiano Ronaldo das duas centenas de internacionalizações (tem, neste momento, 198), mas que também poderá marcar a estreia de Toti Gomes na selecção. Sobre CR7, que agora joga na Liga saudita, Martínez diz que continua a ser “um exemplo” e com “compromisso total” com a selecção. Sobre o central do Wolverhampton, novato nestas coisas, Martínez admite que ficou surpreendido: “O perfil do Toti é diferente. É um jogador com mais potencial do que eu achava, foi interessante vê-lo a trabalhar. Temos seis centrais com alto nível, e ele precisa de mais tempo para conhecer os nossos conceitos."

Este será o quinto confronto entre Portugal e Bósnia. Todos os jogos anteriores foram em play-off de qualificação, dois para o Mundial de 2010 e dois para o Euro 2012. Nos dois primeiros, duas vitórias por 1-0 para a selecção de Carlos Queiroz que garantiram a presença no torneio organizado pela África do Sul – na Luz, triunfo com golo de Bruno Alves aos 31’, em Zenica foi Raúl Meireles o autor do golo da vitória. Dois anos depois, mais dois confrontos, sendo que o primeiro foi um empate sem golos. Mas Portugal viria a garantir a qualificação com estrondo, um 6-2 na Luz, com dois de Ronaldo, dois de Postiga, mais um de Nani e outro de Miguel Veloso.

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