Vírus sincicial provoca 254 internamentos de crianças, mas tendência é decrescente

Cerca de 56% dos casos ocorreram em bebés com menos de três meses, adianta o boletim de vigilância epidemiológica do INSA. Cerca de 11% precisaram de ser internados em unidades de cuidados intensivos.

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Cerca de 14% dos casos ocorreram em bebés pré-termo Daniel Rocha

Os hospitais que integram a rede de vigilância da gripe e vírus respiratórios registaram 254 internamentos de crianças devido ao vírus sincicial respiratório (RSV), mas as hospitalizações apresentam uma tendência decrescente nas últimas semanas. A informação foi avançada esta quinta-feira pelo Instituto Ricardo Jorge (INSA).

Desde a semana de 3 a 9 de Outubro, "foram reportados 254 casos de internamento por RSV pelos hospitais que integram esta rede de vigilância. Cerca de 56% dos casos tinham menos de três meses de idade, 14% ocorreram em bebés pré-termo e 13% tinham baixo peso ao nascer", adianta o boletim de vigilância epidemiológica da gripe e outros vírus respiratórios do INSA.

Relativamente a critérios de gravidade, o documento adianta que 11% foram internados em unidades de cuidados intensivos ou necessitaram de ventilação não invasiva convencional.

"Nas últimas semanas, observa-se um decréscimo na incidência de internamentos por RSV, o que pode indicar o início de uma tendência decrescente" de hospitalizações de crianças com menos de dois anos, refere o INSA, ao alertar que se mantém, porém, uma "pressão elevada nos serviços de saúde".

Segundo a Direcção-Geral da Saúde, o vírus RSV é a causa mais comum de doença das vias respiratórias inferiores até aos 5 anos de idade e os sintomas e a gravidade podem variar com vários factores como a idade ou o estado saúde da pessoa infectada.

Os diagnósticos associados ao vírus sincicial respiratório mais comuns são a bronquiolite, traqueobronquite (inflamação na traqueia e nos brônquios), pneumonia viral, conjuntivite e otite média aguda. Com um período de incubação entre dois a oito dias, os grupos mais vulneráveis ao RSV são os recém-nascidos e lactentes (menos de 6 meses), bebés prematuros, crianças com doenças cardíacas, pulmonares ou neuromusculares congénitas e imunocomprometidas e idosos.

O relatório do INSA indica também que se regista um excesso de mortalidade por todas as causas em Portugal, em particular na região Norte e no grupo etário com 85 e mais anos, mas também em Lisboa e Vale do Tejo desde a semana de 5 a 11 de Dezembro.

Sobre a actividade gripal, o INSA avança que Portugal regista uma tendência crescente e que, desde o início de Outubro, a rede portuguesa de laboratórios para o diagnóstico da gripe notificou 26.343 casos de infecção respiratória e foram identificados 4.245 casos de gripe.

"Desde o início da época, foram reportados 33 casos de gripe pelas unidades de cuidados intensivos que colaboram na vigilância, todos por vírus Influenza A", indicou o INSA, ao salientar que a maioria (91%) dos doentes tinha recomendação para vacinação contra a gripe sazonal e que 12 estavam vacinados.

Em Portugal, o sistema de vigilância da gripe e outras infecções respiratórias é composto pelas redes de médicos sentinela (médicos de família), de serviços de urgência de obstetrícia, de laboratórios para o diagnóstico do vírus da gripe e as unidades de cuidados intensivos.