Forças israelitas retiram-se de Jenin deixando um rasto de destruição

Milhares de habitantes da cidade foram desalojados na sequência da operação de nove dias no Norte da Cisjordânia.

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Rua na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, depois da operação militar de Israel Ali Sawafta / REUTERS
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ALAA BADARNEH / EPA
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As forças israelitas retiraram-se esta sexta-feira da cidade de Jenin, deixando edifícios destruídos e infra-estruturas danificadas, depois de uma das maiores operações de segurança na Cisjordânia ocupada em meses.

Várias escavadoras começaram a limpar os montes de detritos e escombros provocados pela operação, que envolveu centenas de tropas e polícias apoiados por helicópteros e drones que entraram em todas as zonas da cidade e do campo de refugiados junto, e também nas aldeias vizinhas.

Milhares de habitantes foram desalojados das suas casas durante a operação de nove dias, em que soldados israelitas travaram combates a tiro com combatentes palestinianos de facções como o Hamas, a Jihad Islâmica e a Fatah.

“Quando entraram, usaram bulldozers e começaram a destruir tudo. Não deixaram nada”, disse Samaher Abu Nassa, residente em Jenin.

Os serviços de água e electricidade continuam cortados e cerca de 20 km de estrada foram escavados por bulldozers israelitas, uma táctica que os militares disseram ter como objectivo neutralizar explosivos postos à beira da estrada, mas que destruiu grande parte do centro da cidade.

Segundo um comunicado do Exército de Israel, foram desmantelados 30 explosivos colocados nas estradas.

O ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano acusou os militares de usarem na Cisjordânia as tácticas utilizadas para arrasar a Faixa de Gaza.

Jenin, no Norte da Cisjordânia, é há muito um bastião de facções armadas palestinianas. O Exército israelita afirmou que a operação, que também visou a cidade de Tulkarm, tinha por objectivo impedir que grupos de combatentes apoiados pelo Irão planeassem ataques contra civis israelitas.

As forças de Israel também disseram que prenderam 30 suspeitos, confiscaram armas e desmantelaram infra-estruturas, incluindo um depósito subterrâneo de armas sob uma mesquita e um local de fabrico de explosivos.

Na sexta-feira, milhares de pessoas, incluindo um grande número de homens armados que dispararam para o ar, juntaram-se aos cortejos fúnebres das pessoas mortas durante os combates. Muitos dos corpos estavam envoltos em bandeiras palestinianas ou nas bandeiras verde, preta e amarela do Hamas, da Jihad Islâmica ou da Fatah.

No total, foram mortas 21 pessoas em Jenin durante a operação. Muitas delas foram identificadas como membros das facções armadas, mas algumas eram civis, incluindo uma rapariga de 16 anos, aparentemente atingida por um atirador furtivo enquanto olhava pela janela.

Enquanto a maior parte do ano passado os militares israelitas se concentraram em Gaza, na Cisjordânia assistiu-se a um aumento da violência, com repetidos confrontos entre militares israelitas e combatentes palestinianos, assim como ataques de colonos a aldeias palestinianas e ataques de palestinianos contra israelitas.

Mais de 680 palestinianos foram mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, segundo dados do ministério da Saúde palestiniano. Muitos eram combatentes, mas outros eram jovens que atiravam pedras em protestos ou civis sem qualquer envolvimento na violência.

No mesmo período, dezenas de civis israelitas foram mortos em ataques de palestinianos ou em ataques com rockets e mísseis do Hezbollah, o grupo xiita apoiado pelo Irão, no Sul do Líbano, e do lado libanês, morreram mais de 130 civis em ataques de Israel.