Pichardo voou para os 18 metros e aterrou na prata

Atleta português deixou fugir o título europeu do triplo para Jordan Díaz, que fez o terceiro melhor salto de sempre. Tiago Pereira esteve perto do bronze, mas ficou sem ele na última ronda.

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Pedro Pichardo ficou com a medalha de prata Aleksandra Szmigiel / REUTERS
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Pedro Pablo Pichardo gosta de desafios, mas não gosta de desaforos. Há poucos dias, um jornalista espanhol perguntou-lhe se ele ainda se sentia capaz de saltar 18 metros, ou se sentia que as suas pernas de 30 anos já não tinham essa impulsão. O saltador português respondeu à pergunta com uma promessa, “Depois diz-me se sou ou não capaz.” Pichardo ainda é capaz, como se viu nesta terça-feira na final do triplo salto dos Europeus de atletismo em Roma, com 18,04m. Só não deu para renovar o título europeu porque houve alguém que chegou mais longe, Jordan Díaz, outro ex-cubano a saltar por Espanha, que fez o terceiro melhor salto de sempre (18,18m).

Pichardo acabou por ficar com a prata, ele que tinha sido campeão europeu há dois anos em Munique, mas ficou com a consolação de ter voltado a saltar acima dos 18 metros, nove anos depois de o ter feito pela primeira vez e de ter melhorado o seu recorde nacional em seis centímetros. Pichardo não foi o único português a brilhar no Olímpico de Roma. Tiago Pereira andou perto do seu melhor e esteve perto do bronze, mas caiu para o quarto lugar na última ronda de saltos.

Depois de um ano em que pouco ou nada vimos de Pichardo em competição, mas ouvimos falar muito dele pela sua ausência e pelos problemas com o seu clube, o Benfica, Pichardo cumpriu o que tinha prometido ao tal jornalista espanhol e o que já andava a prometer desde que foi autorizado a competir por Portugal em 2019: um salto acima dos 18 metros. E, com este novo recorde português (mais quatro centímetros que os 17,98m que lhe valeram o ouro olímpico em Toquio), Pichardo juntou mais uma medalha à colecção. Já tinha um ouro em Europeus em Munique 2022, mais um título olímpico em 2021 e um título mundial em Eugene 2022, e dois títulos europeus (2021 e 2023) em pista coberta.

Para Tiago Pereira, também foi quase uma noite memorável em que ficou muito perto do seu recorde pessoal (17,11m) e de mais uma medalha, que os 17,08m logo no primeiro ensaio faziam antever – tinha ficado com o bronze nos Mundiais indoor em Glasgow. Passou o resto do concurso a tentar melhorar essa marca e conseguir o mínimo olímpico – não o conseguiu. E acabou por perder o bronze na última ronda para o francês Thomas Gogois – que fez 17,38m no seu último salto.

Logo na primeira ronda de saltos, os favoritos marcaram as suas posições. Pichardo, o segundo a saltar, abriu com 17,51m (igualando o seu melhor de 2024), e Diaz, a fazer a sua estreia por Espanha, respondeu com 17,56m, assumindo temporariamente o primeiro lugar. Quanto a Tiago Pereira, fez logo o seu salto a 17,08m, parecendo que ainda tinha mais para dar – fez a chamada com uma folga de 11 centímetros.

No seu segundo voo, Pichardo aterrou nos 18,04m, apenas o seu segundo salto acima dos 18 metros, quase uma década depois de ter feito 18,08, ainda por Cuba, a 28 de Maio de 2015, em Havana. Díaz fez tudo para apanhar o português, melhorando sucessivamente o seu registo na final, com 17,82m e, depois, com 17,96m. Depois, Díaz chegou aos 18,18m no quinto salto, terceira melhor marca de todos os tempos, depois dos 18,29m de Jonathan Edwards e 18,21m de Jonathan Taylor.

Pichardo, que tinha abdicado do quarto salto, teve de voltar à competição e ainda chegou aos 17,92m, mas não deu para o ouro. E Tiago Pereira, ultrapassado por Gogois, também não conseguiu melhorar na última oportunidade. Depois do seu primeiro salto, teve três nulos seguidos, marcando 16,20m no último.

A medalha de prata de Pichardo é a segunda posição de pódio para Portugal nestes Europeus de Roma, depois do bronze de Liliana Cá no lançamento do disco. Na outra final do dia com atletas portugueses, Fatoumata Diallo ficou em oitavo e último lugar nos 400m barreiras. A barreirista portuguesa teve o melhor tempo de reacção entre as finalistas e chegou à última curva bem posicionada, mas acabou por perder posições na recta final, terminando com 55,65s, bem longe da vencedora, que foi, sem qualquer surpresa, a neerlandesa Femke Bol (52,49s).

Na jornada da manhã, Agate de Sousa qualificou-se sem problemas para a final do comprimento feminino, fazendo apenas um salto, a 6,72m, que a coloca entre as candidatas às medalhas - foi o quarto melhor salto das qualificações. Já Evelise Veiga não teve qualquer salto válido. E, nas eliminatórias das estafetas, uma das quatro equipas portuguesas, a de 4x400m masculinos, qualificou-se para a final, enquanto os três outros quartetos não passaram das eliminatórias.

Nesta quarta-feira, que será o último dia destes Europeus de Roma, haverá só finais. Para além de Agate de Sousa, que está a fazer a sua estreia internacional por Portugal (era de São Tomé e Príncipe) e estará entre as favoritas, também Isaac Nader tem aspirações na final dos 1500m. Os outros finalistas portugueses serão Samuel Barata, na final A dos 10.000m, e a equipa de 4x400m composta por Ricardo dos Santos, João Coelho, Ericsson Tavares e Omar Elkhatib.

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