Cartas ao director

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Nós sentados a ver

É completamente inadmissível o comportamento de Netanyahu e é absolutamente imperdoável a tolerância que o mundo civilizado manifesta perante os crimes israelitas e russos praticados constantemente, quer na Faixa de Gaza, quer na Ucrânia. Ambos são totalmente condenáveis, sem qualquer atenuante ou possibilidade de perdão. Todavia a acção de Netanyahu é mais criminosa, quer queiramos ou não. Netanyahu teima em não reconhecer aos palestinianos o direito a terem um Estado Palestiniano, esquecendo-se de que Israel existe fruto da criação de um Estado por parte da ONU em 1948. É muito triste ver a forma como hoje, sentados no sofá, olhamos para números chocantes correspondentes às mortes na Faixa de Gaza e às mortes ucranianas sem nos revoltarmos. O mundo está, em termos de humanidade e de respeito pela vida humana, completamente podre. Não podemos continuar a tolerar criminosos.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

“A gala da pornografia”

Lendo a excelente crónica de Clara F. Alves (título em epígrafe) na sua “Pluma Caprichosa” do pretérito dia 10 de Maio no hebdomadário onde escreve, não deixamos de sentir, de pressentir, de vislumbrar o que será o futuro do mundo a curto e médio prazo. Teremos a ascensão das ditaduras - será inevitável -, bem como a hegemonia dos regimes fortemente autoritários, cerceadores da liberdade. Tal como aconteceu com a queda do Império Romano, do mesmo modo o Ocidente e os Estados Unidos definharão porque lhes estão faltando "a virtude cívica imersos que estão numa orgia moral e social” e, por consequência, serão deglutidos pelos “bárbaros” da actualidade que serão a Rússia, a Coreia do Norte e a China. Vale a pena lermos o último parágrafo do texto de Clara (…): "Ao mesmo tempo que se arrasta numa sala de tribunal o julgamento de Donald Trump, a cena mais surrealista de sempre da histórica política americana (…), enquanto o país paga e alimenta duas guerras fratricidas, enquanto a indústria do armamento e da tecnologia do armamento enche os cofres, enquanto nas universidades se instala uma desordem civil parecida com a dos anos 60, enquanto o partido republicano degenera e o partido democrata degenera, enquanto, como no poema de William B. Yeats, o centro não segura os extremos e o caos desce sobre o mundo, the centre cannot hold, a América celebra a perda da virtude cívica e banha-se no lustro da corrupção do dinheiro. Na extravagância cosmética dos magnatas e seus escravos. A fotografia de Jeff Bezos, o verdadeiro imperador americano, com a noiva, parece retirada de um filme pornográfico. No trono, a engelhada Wintou, de óculos escuros, é a rainha-mãe deste excesso. O povo, deslumbrado, come o circo com os olhos. Eis a decadência em todo o seu esplendor.”

António Cândido Miguéis, Vila Real

Ainda há boas reformas

Como é possível ter andado a contribuir para a Segurança Social durante cerca de 47 anos, incluindo o serviço militar, mais o tempo em que estive na ex-colónia de Angola? Somente ao fim desse tempo fizeram o favor de me terem concedido a minha reforma. Perante a notícia, que acabei de ler, já não perplexo, do facto de António Costa, ao fim de 14 anos, ter direito a ser-lhe atribuída uma pensão vitalícia de 3113 euros brutos por mês, não por ter sido primeiro-ministro ou presidente da Câmara Municipal de Lisboa, mas porque foi deputado e ministro... (passei a citar). Tanta coisa. Mas que bom é ser político na nossa "aldeia". Sorria, porque está a ser filmado.<_o3a_p>

<_o3a_p>Mário da Silva Jesus, Codivel

Racismo no Porto e na UE

Estamos a perder a democracia ocidental e europeia a cada dia que passa. Estamos a fazer de conta que nos 27 Estados que compõem a União Europeia está tudo maravilhosamente bem. Em Portugal (Estado-membro de pleno direito da UE), estão a acontecer ataques racistas, no Porto, algo que agora é reconhecido pelas autoridades competentes, que terão tido conhecimento do seu aumento nos últimos tempos. Ou seja, Portugal passa a ser mais um país do espaço europeu a 27 com problemas raciais. Sabe-se, até por os próprios estarem sempre a propagandear a posição, que os partidos de extrema-direita europeia são racistas, são o mais possível contra migrantes, não os querem por cá. Isto é um perigo grave para as democracias ocidentais, que já estão em dificuldades com outros problemas. Será que Bruxelas não percebe a gravidade destes problemas? Será que Bruxelas não tem solução para estes problemas? Será que olhar para fora é mais avisado que resolver os problemas internos dos 27?

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

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