Vendas trimestrais da Hermès aumentam 17% devido à forte procura na China

O crescimento do primeiro trimestre superou as expectativas e ultrapassou largamente o maior rival LVMH.

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A fachada da loja Hermès na Madison Avenue, em Nova Iorque, EUA Shannon Stapleton/REUTERS
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A Hermès registou um aumento de 17% nas vendas do primeiro trimestre, anunciou nesta quinta-feira, mantendo uma taxa de crescimento rápida do trimestre anterior, incluindo na China, e sublinhando a forte procura de luxo de gama alta.

O crescimento do primeiro trimestre superou as expectativas e ultrapassou largamente o maior rival LVMH, mostrando a força das empresas que operam no topo do mercado e desafiando a fraqueza geral no mercado chave da China.

As vendas subiram para 3,81 mil milhões de euros, nos três meses até 31 de Março, e superaram as expectativas de um aumento de 13%, de acordo com a empresa de análise financeira Visible Alpha.

O grupo de moda, um dos mais consistentes no sector dos bens de luxo, é conhecido pela sua capacidade de manter um forte crescimento, mesmo perante a deterioração das condições económicas.

As acções da Hermès foram negociadas em baixa de 2,5% no final da manhã, com os investidores, que beneficiaram de um aumento de mais de 20% desde o início do ano, a realizarem lucros.

O valor das vendas, que superou o esperado, não foi provavelmente uma “grande surpresa”, dado o historial da empresa nos últimos quatro anos de crescimento excepcional e de “uma consistente superação das expectativas”, disse Thomas Chauvet, analista do Citi.

O analista sublinhou, como excepção, uma falha nas expectativas para a divisão de relógios de menor dimensão, que registou um crescimento de 4%, inferior à previsão do Citi de 11%.

As actualizações das vendas de vários dos principais grupos de luxo, incluindo o LVMH e o Kering, oferecem, no entanto, poucas garantias de que a procura chinesa de moda de alta gama esteja a recuperar.

A consultora Bain prevê um crescimento percentual médio de um dígito para o mercado de luxo chinês este ano, abrandando em relação ao crescimento de 12% registado em 2023, altura em que o negócio prosperou após o levantamento dos bloqueios relacionados com a covid-19.

A Hermès, que vende carteiras, como a famosa Birkin, a preços superiores a dez mil euros, afirmou que as suas vendas na Ásia, excluindo o Japão, cresceram 14%, e que todas as outras regiões registaram aumentos de dois dígitos.

A empresa registou um tráfego “ligeiramente mais suave” na China em Março, na sequência do feriado do Ano Novo Chinês, disse aos jornalistas o vice-presidente executivo financeiro da Hermès, Eric du Halgouet.

No entanto, a forte procura por parte dos clientes mais abastados compensou o menor número de visitas às lojas por parte dos clientes que procuram artigos de seda e acessórios de moda mais acessíveis, afirmou.

“Os nossos clientes mais abastados continuaram a visitar as nossas lojas”, disse Du Halgouet, referindo que o gasto médio foi mais elevado.

Globalmente, a divisão de artigos de couro, a maior da empresa, cresceu 20% no trimestre, impulsionada por novos modelos como a bolsa Constance Elan.

Depois de se conter quando a Chanel, a Dior, propriedade da LVMH, e a Louis Vuitton aumentaram os preços das suas carteiras de forma mais agressiva durante a pandemia, a Hermès começou a aumentar os preços de forma mais significativa a partir do ano passado.

O aumento de 8% registado este ano irá proporcionar-lhe um impulso, afirmam os analistas da Bernstein.

A Hermès tem uma avaliação mais elevada do que os seus rivais, com um rácio preço/lucro a 12 meses com base nos lucros projectados de 51, de acordo com os dados da LSEG. Este rácio compara-se com o da LVMH, que é de 24, e o da Kering, que é de 16.

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