Alunos da Secundária Pedro Nunes lamentam não terem sido ouvidos sobre regras de vestuário

Há pouco mais de uma semana houve reunião do Conselho Geral onde o assunto não foi abordado. Alunos disponíveis para ouvir colegas que se sintam desconfortáveis com a decisão da escola.

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A associação de estudantes da Secundária Pedro Nunes diz estar atenta aos colegas e disponível para os ouvir poníveis para os ouvir, caso aconteça algo na escola que os deixe desconfortáveis Nelson Garrido
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A Associação de Estudantes da Escola Secundária Pedro Nunes lamenta que a direcção da escola não a tenha ouvido antes de emitir um conjunto de recomendações sobre o uso de "vestuário adequado" dentro do estabelecimento, advertindo para o uso de "calções demasiado curtos e camisolas com excessivo decote".

"Achamos que o problema devia ter sido falado com os alunos, com os professores, em vez de mandar este email para os encarregados de educação. Não estamos só aqui para fazer bailes, anuários ou palestras. Temos esse sentido de responsabilidade. Gostávamos que a direcção tivesse confiado mais em nós", diz Luís Almada, membro da associação de estudantes.

O presidente deste órgão que representa os alunos, António Paul, lembra, inclusive, que "há uma semana e pouco" houve reunião do Conselho Geral, onde a associação de estudantes está representada, e a questão do vestuário não foi abordada.

O PÚBLICO questionou a direcção da escola sobre por que razão não ouviu os alunos nesta questão, mas numa resposta por email a directora, Maria Rosário Andorinha​, apenas remeteu para o estatuto do aluno e para o regulamento interno. No entanto, sobre a indumentária, este documento apenas refere que os estudantes se devem apresentar "com vestuário que se revele adequado, em função da idade, à dignidade do espaço e à especificidade das actividades escolares".

A nova recomendação da direcção foi enviada no final da semana passada para os encarregados de educação. Para alguns pais é uma questão de bom senso e para outros uma intromissão na liberdade dos alunos. Porém, de acordo com os estudantes, não é a primeira vez que a direcção da escola envia informação aos encarregados de educação sobre o vestuário. Fazem-no geralmente nesta altura do ano, advertindo para que os alunos não usem roupa de praia, chinelos e calções de banho.

"Normalmente, o que acontece é que, nesta altura, os alunos começam a usar roupa balnear na escola. Concordamos que possa não ser adequada ao recinto escolar. No caso dos rapazes é chinelos e calções e nas raparigas roupa mais curta", observa Maria Soares, também membro da associação de estudantes.

A grande diferença desta comunicação da directora foi a referência "aos decotes excessivos e aos calções muito curtos", assim como o aviso de que poderiam não ser autorizados a realizar os exames se se apresentassem assim vestidos no momento da avaliação. "O que realmente divergiu foi a forma como a nossa directora se exprimiu que pode ter sido mal entendida e também um bocado exagerada pela comunicação social. Mas, obviamente, há aqui certos pontos que restringem um bocado a liberdade individual dos alunos", nota Luís.

Associação atenta aos colegas

António Paul e Luís Almada frequentam esta escola desde o 7.º ano. Maria Soares entrou no ano passado, mas diz nunca ter identificado qualquer caso de excessos na indumentária que pudesse motivar uma atitude destas por parte da direcção. "Apesar de cada um ter o seu estilo e de se vestir como quer, acho que os alunos — fora esta questão da roupa balnear —, costumam ter bom senso e respeitar a instituição. Por isso é que ficámos um bocado chocados com toda a polémica", reflecte.

Este tem sido o assunto mais falado na escola nos últimos dias. E a estes membros da associação de estudantes preocupa-os a imagem e os comentários que estão a ser feitos sobre eles e sobre a instituição. "Na comunicação social e nas redes sociais vemos comentários de que as raparigas andam a abusar imenso, que andam com roupas muito reveladoras. Acho que isso num estabelecimento de ensino não devia ser relevante e na nossa escola não costuma ser", observa Maria, salientando que não tem ouvido comentários por parte de professores ou de outros colegas em relação à roupa que os estudantes vestem.

Os alunos entendem que a atitude da direcção só poderá ser uma "tentativa" de "conter" alguns casos de colegas que a escola considera que não se vestem de forma adequada. Por agora, não notaram qualquer diferença na forma como os colegas se vestem, nem no comportamento de auxiliares, professores ou mesmo da direcção para com eles. E dizem-se disponíveis para os ouvir, caso aconteça algo na escola que os deixe desconfortáveis. "Se soubermos de casos em que alguma atitude tenha deixado desconfortáveis os nossos alunos e, principalmente, as nossas alunas, obviamente vamos ter de fazer alguma coisa", assegura Maria Soares.

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