Investimento em Certificados de Aforro recua pelo quinto mês

Corte de remuneração no produto de poupança do Estado explica desinteresse dos aforradores desde o Verão do ano passado.

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Depois da fuga de depósitos para Certificados de Aforro, começou a verificar-se um movimento inverso Andreia Patriarca
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Os Certificados de Aforro (CA) voltaram a perder dinheiro em Março. O valor total ficou em 33.995 milhões de euros, menos 20,53 milhões que no mês anterior, e o quinto de redução consecutiva, apesar de a diminuição de novas subscrições já vir desde o Verão do ano passado, depois do corte na rentabilidade do produto para as novas subscrições.

Os dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal (BdP) confirmam, assim, o impacto do corte de remuneram da série F, a única que está aberta a novas subscrições desde Junho de 2023.

O valor máximo dos Certificados foi atingido em Outubro passado, nos 34,07 mil milhões, o que mostra que, nos últimos meses, as novas subscrições não compensam os resgates, registados sobretudo pela chegada à maturidade das aplicações, mas não só.

Da mesma forma, mas neste caso mais habitual, o saldo dos Certificados de Tesouro também voltou a diminuir, ao recuar para 10.587 mil milhões de euros, menos 103,51 milhões de euros. A remuneração deste produto também sofreu vários cortes ao longo dos últimos anos, registando agora menos subscrições, que não compensam os resgates por maturidade dos produtos.

A alteração dos CA coincidiu com o momento alto da rentabilidade do produto, associada à taxa Euribor a três meses, que estava a gerar uma saída de montantes aplicados em depósitos bancários para o produto do Estado. Com essa decisão, a taxa base máxima caiu de 3,5% na série E para apenas 2,5% na série F, a única que aceita novas subscrições.

Tal como nas séries anteriores, há prémios de permanência que são somados à taxa base dos CA, mas estes também diminuíram, passando a ser de 0,25 pontos percentuais entre o segundo e o quinto ano, e atingindo os 1,75 pontos nos últimos dois anos do prazo de subscrição.

Em contrapartida, o montante de novos depósitos tem vindo a subir, a beneficiar de um aumento das taxas de juro que, entretanto, já estão a descer. A taxa de juro média dos novos depósitos está em queda desde o início do ano, situando-se em 2,81% em Fevereiro, valor que representa uma descida de 0,27 pontos percentuais face ao máximo atingido no ano passado, de 3,08% (Dezembro).

Curiosamente, no ano passado assistiu-se a um aumento muito significativo da oferta de depósitos estruturados, um tipo de produtos que tradicionalmente tem apresentado rentabilidades próximas de zero.

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