Uniformização de transportes no Minho depende de tarifários e bilhética

Associação do Quadrilátero Urbano, que junta Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos, e os concelhos das CIM do Cávado e do Ave apresentaram uma candidatura comunitária.

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O objectivo é uniformizar uma rede de transportes entre concelhos do distrito de Braga Adriano Miranda/Arquivo
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O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Cávado, Ricardo Rio, revelou esta sexta-feira que a uniformização de uma rede de transportes entre os concelhos do distrito de Braga está dependente da harmonização de tarifários e de padrões de comunicação que permitam a criação de um sistema integrado de bilhética.

A associação do Quadrilátero Urbano, que junta Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos, e os concelhos das CIM do Cávado e do Ave apresentaram uma candidatura comunitária, relativa à introdução do sistema integrado de bilhética, e estão actualmente à procura de consensos para uniformizar os meios de circulação municipal e intermunicipal entre as diferentes transportadoras.

O projecto da candidatura prevê a implementação de um “modelo territorial e tarifário a definir consoante critérios de zona ou distância percorrida” e a criação de “títulos de transporte multimodais” que sejam reconhecidos pelos diferentes operadores e modos de transporte, sejam rodoviários ou ferroviários.

Com financiamento aprovado, o projecto está em “fase de desenvolvimento”, divulgou o também presidente da Câmara de Braga, assumindo que ainda está por encontrar um consenso entre os tarifários e o modelo de bilhética a definir. “Há duas dimensões: a económica, com a criação de um sistema mais harmonizado dos tarifários, e a operacional, relacionada com a bilhética. Não faz sentido harmonizar tarifários se depois a própria bilhética não estiver devidamente integrada”, referiu, à margem de uma conferência sobre mobilidade nesta sexta-feira em Braga.

Para reforçar as “dificuldades diversas” na unificação de um sistema integrado de transportes, o autarca lembrou também as recentes polémicas nas ligações de autocarros entre Braga e Porto, na sequência da entrada em funcionamento da nova rede de autocarros da Área Metropolitana do Porto (AMP) UNIR, e entre Viana do Castelo e Porto - em que o custo mensal das viagens rodoviárias entre os dois municípios passou para o dobro no início deste ano.

Na sua intervenção na conferência, Ricardo Rio assumiu a vontade de estender a ligação dos concelhos do Minho aos concelhos do distrito de Viana do Castelo e da AMP, mas no final reconheceu que o facto de haver uma “fragmentação tão grande dos sistemas de transporte e das concessões” cria “muitas dificuldades”.

Para o autarca, a solução tem de passar por uma “integração regional”, ideia que irá transmitir, “no curto prazo”, ao Governo. “Este modelo não é o melhor. Há CIM que nem sequer têm a concessão em vigor. Seria vantajoso haver uma maior base de planeamento e de articulação do sistema de transportes, independentemente da diversidade de operadores que possam existir em cada um dos territórios.”

Número de carros “insustentável”

Na conferência sobre mobilidade, que se realizou no âmbito de um consórcio criado ao abrigo do URBACT IV, projecto europeu co-financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, o presidente da Câmara de Braga reconheceu que é politicamente “desafiador” promover medidas que incentivem a mobilidade sustentável.

O autarca assumiu que a posse do automóvel é vista para muitos como “objecto de poder” e que as medidas desincentivadoras do carro originam celeuma entre a população. “Quando aumentamos as zonas de convívio ou a dimensão dos passeios há sempre pessoas que se queixam de menos lugares de estacionamento ou da redução das vias de trânsito”, assinalou.

Ricardo Rio lembrou ainda que o desenho viário de Braga, com “auto-estradas no meio da cidade”, fomenta o uso do carro e alertou que o número de veículos a circular é “insustentável”. “As famílias têm cada vez mais carros e isso é incomportável do ponto de vista da infra-estrutura. A tendência terá de ser a criação de soluções que reduzam a utilização massiva de automóveis.”

O estímulo para o uso de outros meios de deslocação depende de obras infra-estruturais e de projectos de sensibilização, mas também da “coragem” dos responsáveis políticos. O autarca sublinhou que tem de existir “consenso cívico e político”, porque “é lamentável haver quem tenta oportunisticamente capitalizar o desconforto dos cidadãos” sobre medidas que limitem a utilização do carro.

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