Uma questão de receitas

A prescrição social, que pode incidir sobre áreas tão diversas que vão da cultura à jardinagem, tem os seus méritos provados e precisa urgentemente de se espalhar por todo o país.

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Durante oito anos, Elly, agora com 66 anos, foi cuidadora do marido que padecia de uma doença degenerativa grave. E quando o marido morreu, Elly confessou ter sentido um certo alívio. A qualidade de vida dele, por mais que Elly se esforçasse, não passava de uma miragem. Entre dores, feridas e a necessidade constante de ser aspirado para poder respirar de forma eficaz, a vida do homem tinha-se convertido num calvário. O alívio que revelou sentir na hora da morte do marido foi, segundo as suas palavras, mais por ele, que enfim podia descansar, do que por si própria que, apesar do cansaço, já não conhecia uma vida onde não existissem pensos, colchões anti-escaras, fraldas e sondas de aspiração. E foi por já só conhecer essa vida que, poucas semanas depois de perder o marido, Elly começou a sentir a falta de alguma coisa.

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