Conselho Português para a Saúde e Ambiente vai criar observatório nacional

O Observatório Nacional da Saúde e Ambiente (ONSA) pretende fazer “uma avaliação e monitorização regular dos efeitos na saúde das alterações climáticas e da degradação ambiental”.

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Os factores ambientais são actualmente responsáveis por cerca de 20% do total de mortes em todo o mundo Nelson Garrido/ARQUIVO
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O Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA) anunciou a criação, este ano, de um observatório para monitorizar o impacto que as alterações climáticas e a degradação ambiental estão a ter na saúde das populações.

O presidente do CPSA, Luís Campos, disse nesta quarta-feira à agência Lusa que o Observatório Nacional da Saúde e Ambiente (ONSA) pretende fazer "uma avaliação e monitorização regular dos efeitos na saúde das alterações climáticas e da degradação ambiental" e as acções que estão a ser desenvolvidas "a nível da mitigação e adaptação em relação a estas consequências".

"O objectivo é publicar um relatório anual que monitorize indicadores que traduzam o impacto na saúde das alterações climáticas e da degradação ambiental, as acções de consciencialização da população e dos profissionais de saúde sobre este tema", disse o médico internista.

O observatório também vai monitorizar os projectos de educação assentes no conceito one health (saúde única) no ensino pré e pós-graduado dos profissionais de saúde e as acções de investigação que estão a ser desenvolvidas sobre o impacto na saúde das alterações climáticas e degradação ambiental.

Segundo Luís Campos, serão também supervisionadas as acções para reduzir a pegada ecológica do sector de saúde e para aumentar a capacidade do sistema de saúde para responder à transição epidemiológica em curso e ao maior risco de eventos inesperados que está a acontecer.

Questionado sobre se já está a haver alguma mudança de comportamento para mitigar os efeitos das alterações climáticas, nomeadamente no sector da saúde e no ensino, o especialista afirmou que, "infelizmente, não", considerando que "existe um distanciamento muito importante entre a relevância dos factores ambientais no impacto da saúde das populações e a forma como as universidades" estão a enfrentar este problema.

"A repercussão das alterações climáticas e da degradação ambiental na saúde das populações são o maior desafio que temos de enfrentar nas próximas décadas e é chocante ver a insuficiência de como estes temas estão a ser introduzidos no ensino pré e pós-graduado das profissões de saúde", vincou Luís Campos.

O responsável salientou que o Conselho Português para a Saúde e Ambiente pretende dar "uma voz comum" às várias organizações de saúde em tudo o que se relaciona com esta temática.

Assinalou que o CPSA já reúne 80 organizações, entre as quais o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, seis ordens profissionais, o Instituto de Medicina Tropical, associações, autarquias, laboratórios, sociedades científicas, hospitais privados e públicos, constituindo a "aliança mais transversal na área dos cuidados de saúde".

Segundo o CPSA, o sector da saúde é responsável em Portugal por 4,8% da emissão de gases com efeito de estufa, uma percentagem superior à média europeia.

Os factores ambientais são actualmente responsáveis pela morte de 13 milhões de pessoas por ano — cerca de 20% do total de mortes em todo o mundo, contribuindo para o aumento das doenças cerebrocardiovasculares, do cancro do pulmão, da doença pulmonar obstrutiva crónica, asma e alergias.

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