Fiuto não é “pet friendly” — é mesmo um restaurante para cães

Ao centrar a experiência nos animais de companhia, o restaurante em Roma vai muito além das opções “dog friendly”. Tem duas cozinhas completamente separadas, mas os donos podem provar tudo.

During one night in November there were 36 people and 16 dogs dining inside and outside at the newly opened and dog-friendly establishment. MUST CREDIT: Federica Valabrega for The Washington Post
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Fiuto, o restaurante em Roma para cães... e donos. Federica Valabrega
Luca Grammatico-prepared meals for dogs at Fiuto include a ball of rice, zucchini and beef and a pumpkin, beef, pees and carrot ball. MUST CREDIT: Federica Valabrega for The Washington Post
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Luca Grammatico-prepared meals for dogs at Fiuto include a ball of rice, zucchini and beef and a pumpkin, beef, pees and carrot ball. MUST CREDIT: Federica Valabrega for The Washington Post Federica Valabrega

Numa recente e chuvosa noite de Outono, o meu companheiro canino Sherlock e eu encontrámos um momento de descanso num novo e confortável restaurante, único em Roma e em toda a Itália, apropriadamente chamado Fiuto, a palavra italiana para cheirar.

O novo restaurante para clientes de quatro patas e os seus companheiros bípedes abriu no mês passado, na zona da Ponte Milvio, um bairro famoso pela vida nocturna (mais humana). No entanto, a sua fórmula particular distingue-o dos outros, numa cidade onde as refeições são mais formais e onde a tradição muitas vezes supera a novidade.

O design interior parece inspirado numa versão modernizada da Art Deco e irradia um ambiente elegante. Mas os elementos de frieza são atenuados pelos assentos quentes e fofos ao nível do chão para 12 clientes caninos e os seus acompanhantes, com tapetes ovais fofos ao lado de mesas de mármore, tigelas de cerâmica elegantes e garrafas de água Panna de alta qualidade ao lado.

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Federica Valabrega

Ao centrar a experiência nos animais de companhia, o Fiuto vai muito além das opções "dog friendly" que se encontram em tantas cidades.

O menu, concebido pelos proprietários, apresenta pratos de alta cozinha a preços razoáveis, mas evita o especismo ao não discriminar: a gama de pratos disponíveis para os cães é quase igualmente sofisticada, incluindo uma escolha de cocktails de frutas obviamente sem álcool (os humanos podem pedir as variedades alcoólicas). E, dizem os proprietários, toda a comida que servem aos cães é também comestível para os humanos.

"Uma noite, uma cliente decidiu provar a refeição do cão", conta Marco Turano, 33 anos, gerente do restaurante e um dos três proprietários. "Acontece que ambos ficaram satisfeitos com o resultado."

Para o meu corgi esfomeado, optei por lombo de porco com juliana de cenoura e curgete, sem dúvida uma mudança bem-vinda em relação à sua dieta rigorosa habitual. Para mim, pedi um suculento tortellini recheado com parmesão como prato principal.

No entanto, por muito que a experiência humano-canina esteja interligada, as duas cozinhas são completamente separadas. A cozinha onde é preparada a comida para os cães está situada numa cabine com janelas, bem visível na extremidade inferior da sala principal, enquanto os pratos para os humanos são preparados no interior do restaurante.

O jantar de Sherlock, de aspecto sumptuoso, foi entregue com esplendor numa luxuosa tigela preta mate. Assim que foi colocada no chão, o meu rapaz atirou-se a ela com uma paixão marcadamente irreal e devorou-a toda numa questão de minutos. Parece mesmo que gostou.

Restaurante para cães

Luca Grammatico, 42 anos, preparou e serviu a refeição, mas este veterano treinador de cães tem outra tarefa essencial: ser o mestre-de-cerimónias canino. Ele mantém as relações educadas e pacíficas entre os clientes, evitando a "cagnara", o ruído caótico que os cães produzem quando estão a discutir.

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Luca Grammatico, chef e treinador de cães Federica Valabrega

Quando estava a passear o Sherlock junto a outra mesa com uma doce mas musculada cadela pit bull com pouco mais de um ano, Grammatico apercebeu-se de que a exuberância intrínseca do meu corgi estava prestes a provocar uma reacção negativa. Rapidamente se materializou nas minhas costas e puxou educadamente a trela do Sherlock, evitando habilmente um incidente diplomático.

O Fiuto só abriu em Novembro e o co-proprietário Mario Turano disse que já está a correr "para além das expectativas", acrescentando que, numa festa de Natal, o restaurante esteve completamente cheio.

Entretanto, Sherlock estava a ter mais sorte na socialização com Nina, uma tímida rafeira de quatro anos que estava a cheirar timidamente o meu corgi, enquanto trocava olhares com um caniche a alguns metros de distância.

"A Nina também gostou muito do jantar", diz Loris Grambone, 24 anos, um pizzaiolo vegan de Roma, originário da cidade de Vallo della Lucania, cerca de duas horas a sul de Nápoles.

Tinha acabado de comer uma refeição bastante rica para uma coisa tão pequena: arroz, carne de vaca, cenouras e queijo grana para um primeiro prato, e outra tigela (arroz, bacalhau e curgetes) como segundo prato. "Quanto a mim, comi o gnocchi com couve preta e couve-de-bruxelas", diz Grambone.

"Da próxima vez, ela vai certamente comer a sobremesa, e provavelmente uma bebida também", disse, "só preciso de perceber se é algo que a Nina gostaria."


Exclusivo PÚBLICO/ The Washington Post

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