Mamífero que põe ovos redescoberto em montanhas remotas da Indonésia

Cientistas filmaram pela primeira vez uma espécie de mamífero que põe ovos e que não era visto desde 1961: a equidna-attenborough, assim baptizada em homenagem a David Attenborough.

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Uma fotografia disponibilizada pela Expedição Cyclops em 10 de Novembro de 2023 mostra o equidna de bico longo de Attenborough recentemente redescoberto na zona das Montanhas Cyclops, na província da Papua, Indonésia EPA/EXPEDITION CYCLOPS HANDOUT

Cientistas filmaram pela primeira vez uma espécie de mamífero que põe ovos e que, há muito, se julgava extinto: a equidna-attenborough, assim baptizada em homenagem ao naturalista britânico David Attenborough.

Registado pela última vez há mais de 60 anos, o animal possui uma aparência curiosa: apresenta espinhos como os do ouriço, um focinho semelhante ao do tamanduá e os pés parecidos com os da toupeira. Não era visto há mais de 60 anos e, agora, foi redescoberto nas montanhas Cyclops, na Indonésia.

As imagens da redescoberta foram feitas durante o último dia de uma expedição científica, liderada por cientistas da Universidade de Oxford ao longo de quatro semanas. Depois de ter descido das montanhas no final da viagem, o biólogo James Kempton encontrou o filme da pequena criatura a caminhar pela vegetação rasteira da floresta no último cartão de memória recuperado de mais de 80 câmaras remotas.

"Havia uma grande sensação de euforia e também de alívio por ter passado tanto tempo no terreno sem qualquer recompensa até ao último dia", disse o investigador britânico, descrevendo o momento em que viu as imagens pela primeira vez com colaboradores do grupo de conservação indonésio Yappenda.

"Gritei aos colegas que ainda restavam: 'encontrámo-lo, encontrámo-lo'! Corri da minha secretária para a sala e abracei os rapazes", explicou James Kempton.

Ovíparos entre mamíferos

As equidnas partilham o nome com uma criatura mitológica grega, metade mulher, metade serpente, e foram descritas pela equipa como seres tímidos e nocturnos que vivem em tocas e que são notoriamente difíceis de encontrar.

"A razão pela qual parece tão diferente dos outros mamíferos é o facto de ser um membro dos monotremados - um grupo de ovíparos que se separou do resto da árvore da vida dos mamíferos há cerca de 200 milhões de anos", disse Kempton.

A espécie só foi registada cientificamente uma vez, por um botânico holandês em 1961. Uma espécie diferente de equidna é encontrada em toda a Austrália e nas terras baixas da Nova Guiné.

A equipa de Kempton sobreviveu a um terramoto, à malária e até a uma sanguessuga agarrada a um globo ocular durante a sua viagem. Trabalharam com a aldeia local Yongsu Sapari para navegar e explorar a biodiversidade do nordeste da Papua.

A equidna está enraizada na cultura local, incluindo uma tradição que diz que os conflitos são resolvidos enviando uma das partes em desacordo para a floresta para procurar o mamífero e outra para o oceano para encontrar um espadim, de acordo com os anciãos de Yongsu Sapari citados pela universidade.

Ambas as criaturas eram vistas como tão difíceis de encontrar que muitas vezes levavam décadas ou uma geração para as localizar, mas, uma vez encontradas, os animais simbolizavam o fim do conflito e o regresso a relações harmoniosas.