Governo Lula reduziu em 22% a taxa de desflorestação da Amazónia

Números deixam o Brasil mais perto de cumprir a sua meta nacional de emissões para cumprir o Acordo de Paris, dizem analistas.

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Vista área de área desflorestada na Amazónia, no estado do Pará Ueslei Marcelino/REUTERS
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Uma boa notícia para a Amazónia: a taxa de desflorestação entre 1 de Agosto de 2022 e 31 de Julho de 2023 teve uma redução de 22,37%. Desapareceram 9000 km2 de árvores, uma área equivalente a 90 vezes a da cidade de Lisboa. Foi a menor área desmatada desde 2019, segundo os dados do Projecto de Monitorização do Desmatamento na Amazónia Legal por Satélite (Prodes) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), considerado o sistema mais preciso para medir a taxa de desmatamento anual.

Os dados foram apresentados pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e pela ministra da Ciência e da Tecnologia, Luciana Santos, do Brasil. Nos últimos quatro anos de governação do Presidente Jair Bolsonaro, a área desmatada ficou sempre acima de 10.000 quilómetros quadrados, sublinha a revista Veja.

Os estados onde houve maior redução foram Rondónia (-41,01%), Amazonas (-40,13%) e Acre (-28,93%). Mato Grosso, Roraima e Maranhão tiveram aumento do desmatamento de 8,25%, 6,45% e 5,17%, respectivamente.

A reduzir-se a área desflorestada de 11.594 km2 em 2021/2022 para os 9000 de 2022/2023, foi evitada a emissão de 133 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente durante o período em análise. “A volta da desflorestação aos quatro dígitos, a menor desde 2019, deixa a taxa próxima dos níveis pré-Bolsonaro”, diz um comunicado de imprensa do Observatório do Clima, uma rede da sociedade civil com mais de 95 organizações, entre ONG ambientalistas, institutos de investigação e movimentos sociais.

Para esta organização, a redução da desflorestação na Amazónia verificada com o Governo de Lula da Silva é um trunfo que o Presidente brasileiro tem para apresentar quando se aproxima a Cimeira das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas deste ano, a COP28, que se inicia a 30 de Outubro, nos Emirados Árabes Unidos.

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Estes números são um trunfo do Presidente brasileiro, Lula da Silva, para a cimeira do clima deste ano, a COP28 ADRIANO MACHADO/REUTERS

“O discurso do Presidente, de protecção à floresta, traduziu-se em número e numa entrega concreta. É um resultado expressivo e que sela a volta do Brasil à agenda de clima”, comentou Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, num comunicado de imprensa.

O Brasil aproxima-se mais de cumprir a sua meta nacional de emissões (algo conhecido pela sigla NDC, ou contribuições determinadas nacionalmente, em inglês) expressa no Acordo de Paris, diz esta organização. “Para reduzir as emissões líquidas de gases de efeito de estufa a 1300 milhões de toneladas em 2025, como prometido na NDC, o Brasil precisaria de cortar o desmatamento pela metade em relação a 2022, para cerca de 6000 km2. Apenas 30% de queda nas taxas do Prodes nos separam desse objectivo agora”, diz o comunicado do Observatório do Clima.

A redução da desflorestação deve-se ao aumento das acções de controlo e vigilância na Amazónia. Segundo o Ministério da Ciência brasileiro, os autos de infracção instaurados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por crimes contra a flora aumentaram 104%, os embargos cresceram 31%, a destruição de equipamentos usados em acções ilícitas subiu 41%. A estratégia de apreender gado que está a pastar em áreas desmatadas ilegalmente voltou a ser usada.

Nos últimos 20 anos, foi em 2004 que o índice do Prodes teve o ponto mais alto, quando 27.700 km² foram desflorestados. A partir daí, houve um período de queda constante, e o ano em que foi menor foi 2012, com 4,5 mil km2, salienta o site G1.