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Esta casa brutalista existe e fica em Leiria

Numa zona elevada de Leiria, o betão é “estrutura e protecção”​ (e quase tudo) de uma casa-miradouro que não passa despercebida, mesmo sem revelar quase nada.

"A estrutura e a pele exterior em betão são sentidas como um corpo só", lê-se, na memória descritiva do projecto ©Fernando Guerra | FG+SG
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"A estrutura e a pele exterior em betão são sentidas como um corpo só", lê-se, na memória descritiva do projecto ©Fernando Guerra | FG+SG

Ou a adoras, ou a odeias. Não parece existir um meio-termo no novo projecto que tem divertido os arquitectos e designers do estúdio Contaminar, de Leiria: uma casa de cariz brutalista, ou de arquitectura paramétrica, como Joel Esperança admite categorizar, que se podia ter ficado por ser uma escultura de betão.

“A casa vive muito desta ambiguidade: parece que é um bunker muito fechado, mas é muito mais quente e táctil para quem habita no seu interior”, descreve-a. O casal que começou a pensar no projecto em 2012 é “um pouco característico”: São clientes muito urbanos, onde o contacto permanente dos pés com a terra não era uma necessidade. São pessoas que contemplam mais o olhar, para quem a casa muitas vezes é um ponto de observação e um miradouro”.

A sobrancear uma zona central e com “um forte declive” num monte de Leiria, ligeiramente mais elevada do que o castelo, a Quinta do Rei “serve como um miradouro 360º” para a cidade — ou como uma torre de vigia. Com quatro andares, também parece muito mais alta do que é.

“É uma escada da terra ao céu”, comenta o arquitecto, que é o mesmo que dizer que é possível ir do jardim exterior até à piscina na cobertura sem pôr um pé dentro de casa (ou, no limite, escalando anel a anel). “Parece que é um pouco labiríntica, mas as nossas obras gostam de ser percorridas. Esta, em alguns pisos, gosta de ser contemplada.”

A ilusão de altura e torção é um dos pontos de destaque da construção angular constituída por 19 anéis que protegem janelas e aberturas amplas e funcionam quase como persianas de betão. Rodando um paralelepípedo sobre o eixo vertical, explica Joel Esperança, conseguiram “criar um efeito óptico” e jogar com a exposição solar e com as vistas que queriam alcançar nos diferentes pisos. “Nas divisões mais importantes, a casa quase que recua e vai receber um bocadinho mais de Sol”, explica o co-fundador do atelier Contaminar, que acalmou o betão exposto com madeiras e tons quentes, no interior.

Sem surpresas aí, na cave e garagem, zonas mais escuras, ficam a lavandaria e uma sala polivalente com uma garrafeira. O piso 0 divide-se em duas suítes, dois quartos e uma casa-de-banho e o piso 1 é para receber e entreter. No piso 2, fica a piscina exterior, um ginásio e um pequeno espaço de leitura.

A quantidade de betão utilizada (e visível), tem suscitado discussões em sites especializados de arquitectura e design, inclusive pelas elevadas emissões de dióxido de carbono causadas pela indústria do cimento“Nós queríamos que o mesmo material fosse estrutura, protecção e a pele do edifício. O betão consegue responder a isso tudo, sem precisar de muita manutenção”, explica o arquitecto. 

Os leitores do Dezeen comparam a habitação a “um parque de estacionamento muito interessante” ou a um presságio do “nosso futuro à prova de incêndios florestais. Outros, olham para um exemplo de “um tipo de brutalismo” que podiam apoiar. 

Joel Esperança sabe que desenharam uma “obra de extremos”. “A brincar, nós dizíamos ao cliente que a obra podia não ficar concluída, que para nós já estava feita. A partir do momento em que se montou a estrutura, aquilo podia ser uma escultura habitada.”

De resto, ri-se o arquitecto, o dono da casa é o primeiro a ir lá comentar, com sentido de humor e ironia”. Mesmo sendo difícil prever qual é a resposta com piada e classe possível quando comparam a nossa casa de sonho àqueles “miradouros brutalistas de betão que cheiram sempre a urinóis”. 

©Fernando Guerra | FG+SG
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