Invasão Secreta leva aliens, política e espionagem à Marvel com Olivia Colman

Nova série da Disney+ aposta em tom sombrio, dispensa heróis humorísticos da BD e contrata estrelas como Samuel L. Jackson, Emilia Clarke ou Ben Mendelsohn.

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Olivia Colman em Invasão Secreta Marvel Studios
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Criaturas vindas de outro planeta ameaçam a Terra em Invasão Secreta, série que a Marvel estreia esta quarta-feira. Parece a premissa de filmes como Thor e Os Vingadores, mas a nova série dispensa os super-heróis engraçadinhos que foram campeões de bilheteira nos últimos anos e aposta num enredo com espionagem e política.

Na história, o agente Nick Fury é convocado para lidar com uma rebelião de skrulls, extraterrestres que se transformam em seres humanos para viver na Terra. Foi ele quem ofereceu o planeta como lar aos alienígenas nos anos 1990, prometendo que encontraria outro lugar onde eles pudessem viver sem ter de se esconder. Três décadas passaram, e um bando de skrulls extremistas está farto de esperar.

Invasão Secreta quer ser sombria. A série distancia-se do amontoado de cores e do sentido de humor galhofeiro que costumam fazer sucesso nas produções da Marvel, como o filme Thor: Amor e Trovão e a série Mulher-Hulk, ambos do ano passado.

As referências agora são outras, diz o realizador Ali Selim. "A história leva-nos a este novo Nick Fury, que precisa lidar com desconfiança, suspeitas e paranóia. Todas essas coisas me remetem para filmes clássicos de guerra noir como O Terceiro Homem, de 1949, [realizado por Carol Reed], e O Vigilante, de 1974, realizado por Francis Ford Coppola."

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Cobie Smulders como Maria Hill e Samuel L. Jackson como Nick Fury Des Willie/Marvel

Selim diz ainda que quis dar contornos de herói de faroeste a esta versão envelhecida e desgastada do agente secreto da Marvel. Para isso, estudou Imperdoável, de 1992, e filmes de John Ford, tido como a principal referência do western norte-americano.

Fury surgiu na pele de Samuel L. Jackson há 15 anos, numa rápida participação do actor em Homem de Ferro. Depois de aparecer em outros dez filmes da Marvel, sempre como guarda-costas dos super-heróis, o seu personagem acabou por tornar-se um dos favoritos dos fãs. Agora, exausto após os acontecimentos dos últimos filmes de Os Vingadores, o agente finalmente ganha uma história em nome próprio.

A Marvel parece confiar tanto na experiência de Samuel L. Jackson que o promoveu a produtor executivo da nova série. O actor ajudou a tornar o processo de produção mais simples, afirma o realizador, que nunca tinha trabalhado em histórias de super-heróis. Nem o próprio cineasta sabe dizer ao certo o que o levou a ser contratado para Invasão Secreta. "Tenho a certeza de que conversaram com vários realizadores, mas devo ter dito as coisas certas. Eu disse que queria fazer uma história sobre um homem com os pés no chão, em que ninguém voasse. Aqui estou."

Como a maioria das séries lançadas pela Marvel nos últimos anos, Invasão Secreta afasta-se do panteão de heróis populares da empresa para aprofundar personagens geralmente secundárias, além de apresentar figuras desconhecidas.

Uma das figuras estreantes é interpretada por Emilia Clarke, conhecida pelo seu papel de Daenerys Targaryen em A Guerra dos Tronos. A actriz estreia-se no universo Marvel como uma das alienígenas rebeldes. Outra novidade é a agente sem escrúpulos Sonya Falsworth, interpretada pela oscarizada Olivia Colman, que tenta convencer o mundo de que os skrulls devem ser exterminados sem dó nem piedade.

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Emilia Clarke Gareth Gatrell/Marvel

Do outro lado da disputa, na liderança dos skrulls revolucionários, está Gravik, vivido por Kingsley Ben-Adir, que está disposto a matar quem for preciso para alcançar o poder.

O desenrolar da história pisca o olho à Guerra Fria e a vários outros conflitos travados entre povos de diferentes culturas na vida real, conforme disse à revista Vanity Fair o actor Ben Mendelsohn. Ele dá vida a Talos, um dos alienígenas bonzinhos da história, apresentado em Capitão Marvel, filme lançado em 2019.

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Ben Mendelsohn é Talos Marvel Studios

"Há várias coisas na série que tocam ou são tocadas por acontecimento actuais", diz Selim. "Acho muito válido se a história ajudar as pessoas a pensarem de uma forma diferente sobre como vivem. Mas, acima disso, estes seis episódios precisam de existir sem depender da influência do mundo real para funcionarem como uma história."

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo

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