Não satisfeita com explicações de Galamba, oposição pede que Costa quebre o silêncio

IL acusa o primeiro-ministro de “cobardia política”. BE defende que Galamba não tem condições para continuar no Governo. PAN considera tutela das Infra-estruturas “preocupante”.

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João Galamba, ministro das Infra-estruturas LUSA/MIGUEL A. LOPES

João Galamba prestou esclarecimentos, mas não foram suficientes para contentar a oposição. Em reacção à conferência de imprensa do ministro das Infra-estruturas, a Iniciativa Liberal, o Bloco de Esquerda e o PAN pedem ao primeiro-ministro que quebre o silêncio e dê explicações sobre os mais recentes episódios do caso TAP.

Em declarações em Viana do Castelo transmitidas pela RTP3, o presidente da IL, Rui Rocha, argumentou que após os esclarecimentos de Galamba resulta “evidente” que “quem informou a CEO da TAP da existência da reunião” preparatória da sua audição parlamentar em Janeiro, com um deputado do PS e o Governo, “foi o ministro” e que “houve troca de informações e preparação de perguntas”.

“O ministro desvaloriza, mas é evidente que a reunião serviu para deputados do PS, elementos do ministério e a CEO prepararem uma ida da TAP no dia seguinte” ao Parlamento, disse, acusando o governante de uma “clara tentativa de omissão dos factos”.

O líder da IL criticou também o "enorme silêncio" de António Costa que, aponta, tem estado “completamente ausente perante a degradação do Governo”, pedindo que o primeiro-ministro preste declarações e diga “se acha que o Governo tem condições para continuar em funções”. “Aquilo que perpassa toda esta situação é a enorme cobardia política de António Costa”, acusou.

Rui Rocha acrescentou que continua a ser necessária uma explicação sobre a intervenção dos Serviços de Informações de Segurança (SIS) no processo de recuperação do computador com informação confidencial que o ex-adjunto de Galamba levou do ministério.

Bloco pede documentos do computador do ex-adjunto

A coordenadora do BE também criticou o silêncio do primeiro-ministro e considerou que o ministro das Infra-estruturas "tem muito poucas condições para continuar no Governo", acusando-o de mentir sobre reunião preparatória com a ex-CEO da TAP.

"Acabei de ouvir o senhor Presidente da República dizer que quer falar com o primeiro-ministro. Eu percebo que o senhor Presidente da República queira primeiro falar com o senhor primeiro-ministro. O que eu não percebo e é inexplicável é que o primeiro-ministro não fale ao país sobre todo este caso", disse Catarina Martins, em conferência de imprensa na sede do BE, em Lisboa.

Na opinião de Catarina Martins, "todo o Governo está fragilizado" e é urgente que o primeiro-ministro "fale ao país", deixando claro que "o ministro João Galamba tem muito poucas condições para continuar no Governo".

"Ficámos a saber que o ministro João Galamba mentiu porque foi ele que convidou a CEO da TAP para uma reunião com o grupo parlamentar do PS e ficamos a saber só agora. Tinha sido negado esse convite até há pouco tempo. Omitiu que antes disso ele próprio tinha reunido com a CEO da TAP", acusou.

Segundo a líder do BE, "este não é caso único" porque "o ministro João Galamba e o ministro Fernando Medina fizeram uma conferência de imprensa ao país dizendo que havia um despedimento com justa causa da CEO da TAP cuja fundamentação jurídica só foram pedir depois".

"O Bloco de Esquerda já enviou um requerimento à comissão de inquérito para que sejam solicitados todos os documentos e ficheiros relacionados com a TAP e os documentos classificados pelo Gabinete Nacional de Segurança que estarão no computador de serviço do ex-adjunto do ministro das Infra-estruturas", anunciou.

PAN vai pedir audição do ex-adjunto e do director do SIS

A deputada única do PAN, por seu lado, considerou, em declarações à RTP3 que, embora estivessem em causa documentos confidenciais não é "normal este escalar" da situação e, por isso, irá pedir no Parlamento não apenas a audição do ex-adjunto do ministro das Infra-estruturas, mas também a do director do SIS.

Defendendo que António Costa "não deve continuar a remeter-se ao silêncio", Inês Sousa Real apelou a que o primeiro-ministro preste esclarecimentos públicos sobre este caso e se reúna "com maior frequência com os partidos da oposição".

A parlamentar criticou ainda a forma como uma empresa em que foram injectados milhares de euros do Estado "acaba a ser gerida em whatsapps e emails", considerando que o caso TAP coloca "em causa a estabilidade e a governação do país". E, em particular, a tutela do Ministério das Infra-estruturas, a que se referiu como "preocupante".

"Há um conjunto de investimentos que podiam contribuir para a coesão social e territorial que não estão a ser feitos por estarem reféns da instabilidade política e dos casos e casinhos", afirmou.

Notícia actualizada com declarações de Catarina Martins