Montenegro acusa primeiro-ministro de “sonegar informação” sobre venda da Efacec
Os ministérios da Economia e das Finanças informaram esta sexta-feira, em comunicado conjunto, a ruptura das negociações para a venda de 71,73% do capital social da Efacec.
O líder do PSD, Luís Montenegro, acusou esta sexta-feira o primeiro-ministro de “sonegar informação” ao país sobre o processo de reprivatização da Efacec, insistindo que o Governo usa “abusivamente” da maioria absoluta.
“O Governo foi instado, ontem e anteontem [quinta e quarta-feira] no Parlamento, a dizer ao país e à Assembleia da República o que é que estava a acontecer com o processo da Efacec, que foi nacionalizada por vontade do PS, e não respondeu no Parlamento”, começou por dizer o líder social-democrata. “Veio a saber-se que o processo tinha abortado, o processo de reprivatização, o que quer dizer que o Governo, mais uma vez, sonegou ao país e ao Parlamento informação que já tinha” e “isso é gravíssimo”, acusou.
Luís Montenegro falava aos jornalistas à margem da abertura da 30.ª Festa da Castanha, em Sernancelhe, onde corroborou as palavras desta sexta-feira do seu vice-presidente Paulo Rangel, que disse, em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, que o primeiro-ministro está com “tiques de poder absoluto” e, na última semana, fez “bullying democrático” com toda a oposição.
“Faz bullying democrático para desviar as atenções. O Governo tem-se apoiado em matérias para desviar e para distrair os portugueses daquilo que é essencial, tem evitado o escrutínio no Parlamento, nomeadamente inviabilizando a ida de ministros, acontece todas as semanas no Parlamento”, acusou.
O próprio primeiro-ministro, continuou, “negou-se esta semana a ir dar a sua explicação acerca do acordo que obteve ou que construiu com o Presidente francês e com o chefe do Governo espanhol a propósito das interconexões energéticas”.
A venda da Efacec ao grupo DST não foi concluída “dado não se terem verificado todas as condições necessárias à concretização” do acordo de alienação, informou o Governo na quinta-feira.
PSD acusa Governo de ignorar apoios que vão ser necessários
Sobre o Orçamento de Estado para 2023, Montenegro disse que o Governo agiu “tarde e a más horas” e que ignora auxílios que vão ser necessários.
“Não só o Governo agiu tarde e a más horas este ano de 2022 como não está ainda a projectar para 2023 todos os auxílios que as famílias, as empresas, as pessoas em particular, carecem para poderem enfrentar um aumento de preços que é verdadeiramente impactante naquilo que são as necessidades mais básicas”, apontou Luís Montenegro em Sernancelhe, em Viseu.
O presidente do PSD lembrou que o seu partido tem “chamado a atenção de que estes sete anos de PS trouxeram a Portugal uma realidade de empobrecimento que é visível em vários domínios” da sociedade.
Para o líder do PSD, a situação “é visível nas dificuldades que as pessoas têm no dia a dia para fazer face às despesas mais básicas, mas também a aceder a serviços essenciais na saúde, na educação, em tudo aquilo que são os principais motores de uma vida normal”.
“Nós queremos ter uma vida em que tenhamos trabalho, em que tenhamos a retribuição do nosso trabalho condizente com aquilo que é o nosso esforço, infelizmente em Portugal ganha-se pouco, ganha-se mal e infelizmente em Portugal paga-se muitos impostos e tudo isso não vai mudar com este orçamento de estado, pelo contrário, vai-se agravar”, defendeu.
“E que tem trazido à vida quotidiana das pessoas, das famílias, das empresas uma realidade muito adversa com o aumento do preço dos bens essenciais que é muito acima daquilo que era esperado pelo Governo para o Orçamento do Estado deste ano”, disse. Daí, justificou, o PSD ter “reivindicado junto do Governo a necessidade de haver um programa de apoio social e um programa de apoio também às empresas e às instituições sociais para que pudessem fazer face ao aumento do preço”.
"Este OE não tem emenda"
Montenegro previu que os portugueses com rendimentos “mais baixos” e os pensionistas “vão perder poder de compra nos próximos anos e no próximo ano particularmente”, assim como os funcionários públicos. O líder do PSD admitiu que o partido agora vai concentrar-se “em apresentar algumas medidas de alteração ao orçamento, medidas essas que visam apenas mitigar alguns dos efeitos negativos, porque este orçamento não tem emenda”.
“Este orçamento vem na senda de uma política económica que está errada há muitos anos, que não visa o crescimento da economia, a criação de valor, o crescimento, a criação de riqueza para podermos ter mais oportunidades, melhores salários e também melhores serviços públicos”, disse.
No seu entender, hoje, “por inacção ou omissão de um Governo que está há sete anos a exercer funções” os portugueses “estão piores, o país está pior, a vida das pessoas está muito pior e isso deve-se às políticas erradas que têm seguido”. com PÚBLICO