Presidente turco diz que a Suécia e a Finlândia não entram na NATO “enquanto Erdogan for o líder da Turquia”

Recep Tayyip Erdogan não gostou de ver um dirigente curdo a ser entrevistado numa televisão sueca e acusa os países nórdicos de não serem sérios nas negociações com a Turquia.

Foto
O Presidente turco mantém-se intransigente com suecos e finlandeses Reuters/MURAT CETINMUHURDAR/PPO

O Presidente turco endureceu o discurso contra a entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, acusando os dois países de não levarem a sério as negociações com a Turquia. “As conversas da nossa delegação com as delegações sueca e finlandesa não estiveram ao nível daquilo que esperávamos”, disse Recep Tayyip Erdogan este domingo.

Erdogan considera que os dois países nórdicos, em particular a Suécia, ao acolherem curdos ligados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e às Unidades de Defesa do Povo (YPG) estão a dar guarida a terroristas.

“Eles permitem que os terroristas caminhem livremente nas ruas de Estocolmo e dão-lhes protecção policial”, afirmou o Presidente turco, que acrescentou: “Enquanto Tayyip Erdogan for o líder da República da Turquia, não vamos dizer sim à entrada de países que apoiam o terrorismo na NATO.”

Erdogan ficou particularmente irritado, segundo o jornal turco Hurriyet, com a entrevista que um dos dirigentes do PKK deu à televisão pública sueca esta semana. Salih Muslim disse à SVT que confia na Suécia e em como este país nunca reconhecerá o YPG como organização terrorista.

Para o Presidente turco, esta é a prova de como não há seriedade nas negociações. “Eles não são honestos. Nós não podemos repetir os erros do passado em relação a países que abrigavam e financiavam terroristas”, disse Erdogan, visando a Grécia, que no fim dos anos 1970 se retirou da estrutura militar da NATO, mas manteve o estatuto de membro. Atenas reverteu a decisão em 1980.

“É extraordinário e surpreendente que um chefe de Estado tenha opinião sobre as escolhas de entrevistados de uma redacção independente”, comentou uma editora da SVT, Charlotta Friborg. Já a ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Ann Linde, optou por ficar em silêncio: “Estão a decorrer uma série de esforços diplomáticos. Não vamos comentar este assunto.”

No sábado, depois de se encontrar com o homólogo finlandês em Washington, o secretário de Estado norte-americano mostrou-se optimista quanto a um desfecho célere. “Existe um consenso muito forte na NATO sobre a entrada da Finlândia e da Suécia, estou confiante de que vamos fazer este processo rapidamente”, disse Antony Blinken.

Sugerir correcção
Ler 35 comentários