Coreia do Norte diz ter realizado com sucesso o “teste final” com um míssil hipersónico

Coreia do Sul e EUA confirmam segundo ensaio balístico numa semana, mas desconfiam do domínio norte-coreano da nova tecnologia. Kim assistiu ao lançamento do míssil e defendeu necessidade de “mais músculo militar”.

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Kim Jong-un já não assistia oficialmente a um ensaio balístico há dois anos Reuters/KCNA
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Imagens do líder norte-coreano a assistir ao teste foram publicadas pela imprensa local Reuters/KCNA
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Coreia do Norte elogiou manobrabilidade do novo míssil Reuters/KCNA

A Coreia do Norte anunciou nesta quarta-feira que o ensaio balístico realizado na véspera foi um “teste final” completado com sucesso a um novo míssil hipersónico. O lançamento do míssil – o segundo numa semana – foi confirmado pela Coreia do Sul e pelos Estados Unidos, e foi acompanhado presencialmente por Kim Jong-un, pela primeira vez em dois anos.

“A superior manobrabilidade do veículo hipersónico foi confirmada de forma mais notável através do teste final de lançamento”, congratulou-se a KCNA, a agência noticiosa estatal norte-coreana, revelando que, depois de percorrer 600 quilómetros de distância, o projéctil fez 240 quilómetros em “manobras saca-rolhas”, até atingir um alvo colocado no mar, na costa Leste, a cerca de mil quilómetros do local de lançamento.

Na sequência do teste balístico, informa a KCNA, o líder do regime pediu aos cientistas presentes para “acelerarem os esforços para o desenvolvimento sustentado do músculo militar estratégico do país, tanto em qualidade como em quantidade, e para continuarem a modernizar o Exército”.

A confirmar-se a veracidade das informações norte-coreanas, o lançamento de terça-feira foi o terceiro teste envolvendo um míssil hipersónico, depois dos testes da semana passada e de Setembro de 2021.

Seul e Washington confirmaram os dois lançamentos de mísseis e afirmaram que o de terça-feira foi realizado com um míssil “mais avançado” do que o da semana passada, mas mostraram muitas reservas sobre se a Coreia do Norte domina efectivamente a tecnologia em causa.

Os mísseis hipersónicos estão a ser desenvolvidos pelos Estados Unidos e, alegadamente, pela República Popular da China e pela Federação Russa. Estes projécteis podem atingir cinco vezes a velocidade do som (cerca 6200 quilómetros por hora) e, por serem facilmente manobráveis durante a sua trajectória, são mais difíceis de detectar ou de interceptar por radares ou sistemas de defesa antiaérea.

Apesar de estar a ser alvo de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas por causa do desenvolvimento do seu programa nuclear e balístico, a Coreia do Norte tem aproveitado o estado de bloqueio das negociações com EUA e Coreia do Sul para acelerar, nos últimos meses, o desenvolvimento das suas capacidades nucleares e a periodicidade dos seus ensaios com mísseis.

Ainda assim, o regime de Pyongyang mantém a moratória aos testes nucleares que permitiu o apaziguamento das tensões na Península Coreana (o último ensaio nuclear remonta a Setembro de 2017).

EUA, Coreia do Sul, Japão e União Europeia condenaram o ensaio de terça-feira, alertando para os riscos que o mesmo levanta para a “estabilidade regional” e para a “paz e a segurança internacionais”. Bruxelas insistiu nos apelos para que o regime norte-coreano volte a apostar na via diplomática.

A aproximação entre Pyongyang e Washington em 2018 e 2019, promovida e mediatizada pelo ex-Presidente Donald Trump, com encontros presenciais inéditos com Kim Jong-un, não surtiu grandes efeitos no que à desnuclearização da península coreana diz respeito, e, desde que Joe Biden chegou à Casa Branca, poucos ou nenhuns avanços têm sido conseguidos nessa matéria.

O jornal norte-coreano Rodong Sinmun publicou fotografias do momento em que Kim Jong-un assistiu ao teste de terça-feira, algo que, para os especialistas, não é apenas um sinal para dentro da Coreia do Norte.

“Esta aparição na primeira página do Rodong Sinmun é importante. Significa que Kim não está preocupado por ser pessoalmente associado a ensaios de novas e importantes tecnologias”, explica à Reuters Chad O'Carroll, director-executivo do grupo Korea Risk Group. “Ele não se importa com o que os EUA pensam”.

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