Vice-presidente da Lego: “Todos podemos ser criativos a resolver problemas”

A Reuters esteve à conversa com Julia Goldin, da Lego. Assunto: criatividade. “As crianças não têm medo de cometer erros - temos muito a aprender com elas”, diz a vice-presidente do grupo Lego.

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Julia Goldin é directora de produto e marketing e vice-presidente da Lego dr

Se há uma capacidade que nos fez sobreviver aos últimos dois anos é a criatividade. E uma organização que lidera a curva do pensamento criativo é o grupo Lego. A directora de produto e marketing e vice-presidente, Julia Goldin, falou com a Reuters sobre desbloquear e desenvolver essa capacidade crucial – não apenas a nível executivo, mas em toda a empresa.

Porque é que a criatividade é importante para uma organização?
Normalmente as pessoas pensam na criatividade em termos de arte, teatro ou performance. Sabemos pelo trabalho que desenvolvemos que a criatividade é um conjunto muito maior de competências com aplicações muito mais amplas. É essencial e está a tornar-se mais essencial do que nunca. No trabalho, a criatividade pode aplicar-se à resolução de problemas, à resiliência, à apresentação de ideias, à evolução dessas ideias e à procura de soluções.

Qual é a melhor forma de encorajar a criatividade?
Nós usamos Lego não só nas nossas sessões de formação, mas também no nosso trabalho diário. São um pretexto para as equipas se reunirem. Por exemplo, uma vez por ano, temos um Play Day global onde levamos todos os funcionários para ambientes onde podem jogar, aprender e formar ligações.

Pode dar um exemplo?
Uma das coisas que fizemos durante a covid-19 foi utilizar os Lego que tínhamos em casa para construir um modelo de como era a nossa experiência e o nosso estado de espírito. Quando se faz algo assim, isso impele-nos a pensar no que queremos comunicar e como torná-lo tangível.

As criações de algumas pessoas mostraram como estavam divididas entre trabalhar e cuidar de crianças; ou o que lhes dava prazer, como jardinagem ou fazer o jantar. Os Lego deram a todos a oportunidade de estar abertos sobre o que estavam a passar, de criar ligações emocionais mais fortes e de fortalecer laços.

Especialmente durante a covid-19, como é que tem sido importante para as empresas pensar de forma inovadora?
A maioria das empresas nos últimos dois anos deparou-se com questões e desafios que nunca poderiam ter sido previstos. Por isso, a resolução criativa de problemas e a flexibilidade tornaram-se extremamente importantes. Foi preciso mudar muita coisa, e rapidamente.

Quer a questão fosse a influência sobre o ambiente, escassez na cadeia de abastecimento, questões sociais mais evidentes ou mesmo cuidar da própria mão-de-obra, tudo isto exigiu que as empresas fossem muito mais criativas.

Os adultos tendem a estar fixados nos pensamentos. Em que é que se inspiram nas crianças?
Falamos sempre das crianças como nossos modelos a seguir. Têm uma enorme imaginação e muita flexibilidade. Quando constroem com lego, podem antever um grande número de resultados diferentes, estão constantemente a explorar e sentem-se confortáveis com coisas que não funcionam à primeira. A forma de aprender a andar é cair, e as crianças não têm medo de cometer erros. Todos nós podemos aprender muito com as crianças e aplicar isso à forma como trabalhamos.

Como líder, como comunicar esses valores da criatividade a uma grande organização?
Sendo muito simples e assegurando que todos, incluindo a liderança, compreendem a mensagem. Por exemplo, quando fazemos coisas na empresa, todos nós as fazemos. Se todos recebemos uma caixa de Lego para jogar, as equipas de liderança executiva sentar-se-ão e farão exactamente a mesma coisa. Dessa forma, quando novas pessoas entram na organização, compreendem de onde viemos. Trata-se de uma comunicação clara e de uma aprendizagem consistente, frequente e prática.

Uma vez que também trabalha no desenvolvimento de produtos, tem algum favorito?
Isso é como perguntar-me sobre o meu filho favorito. Não consegui escolher um, mas neste momento estou a construir o estádio de futebol do Barcelona com os meus dois filhos. Ambos são grandes fãs. Também trabalhei recentemente num piano de cauda; eu própria sou pianista, por isso foi muito especial. Tenho várias outras caixas grandes à minha espera, mas estou à espera de ter mais tempo.

Que conselhos tem para outras empresas em relação à promoção da criatividade?
A criatividade precisa de ser vista num sentido mais amplo - não apenas ideias artísticas, mas algo que é importante para todos. Todos podemos ser criativos a resolver problemas. Em segundo lugar, é preciso criar o ambiente certo de confiança e segurança psicológica. Assim, as pessoas não têm medo de cometer erros. Quando as pessoas sabem que serão ouvidas, isso facilita a criatividade, não importa onde estejam sentadas na empresa.