Hackers russos estão a atacar as campanhas de Trump e Biden

Microsoft lançou alerta: grupo Fancy Bear, ligado à espionagem militar de Moscovo, tem entrado nas contas de organizações e de próximos dos candidatos à presidência dos EUA. Chineses e iranianos andam também a espreitar.

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Trump tem sempre tentando minimizar a interferência russa Reuters/JONATHAN ERNST
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Biden tem sido o alvo preferencial do interesse chinês Reuters/LEAH MILLIS

Piratas informáticos (hackers) ligados à Rússia, China e Irão estão a espiar pessoas relacionadas com as campanhas do Presidente Donald Trump e do seu rival do Partido Democrata, Joe Biden, alertou a Microsoft.

O grupo Fancy Bear – a que a Microsoft chama Strontium ou APT28 – atacou mais de duas mil organizações desde Setembro de 2019, dizem os investigadores do Centro de Análise de Ameaças da Microsoft. Nessas organizações incluem-se campanhas eleitorais, grupos de defesa de várias causas, think tanks, partidos e consultores políticos que trabalham tanto com republicanos como com democratas nos Estados Unidos, diz a revista Wired.

Dois outros alvos citados pela Wired são o Partido Popular Europeu e o German Marshall Fund dos Estados Unidos.

A Reuters tinha noticiado na quinta-feira que uma das empresas de consultoria com as quais a campanha de Joe Biden trabalhava tinha sido avisada já pela Microsoft de que estava a ser alvo dos mesmos piratas informáticos russos que tinham atacado o Partido Democrata nas eleições de 2016 – uma unidade da espionagem militar conhecida como Fancy Bear.

Mas a Microsoft diz ter descoberto também que hackers chineses – um grupo que designa como Zirconium or APT31 - estão a focar a sua atenção em contas de email privadas de membros da campanha de Joe Biden para as presidenciais de 3 de Novemro, bem como académicos e figuras importantes do sector da segurança nacional – incluindo o Atlantic Council e o Centro Stimson. Só um dos alvos detectados pela empresa estava relacionado com Donald Trump – um ex-responsável da Casa Branca que a Microsoft não quis identificar.

Tom Burt, vice-presidente da Microsoft para a segurança dos clientes, disse ainda que hackers iranianos – a empresa já tinha alertado, no ano passado, que estavam a tentar penetrar na campanha de Trump – continuam a tentar forçar a entrada em contas de responsáveis do Governo americano e membros da campanha para a reeleição do Presidente. Designa-os como Phosphorous or APT35.

Estas tentativas de entrar nas campanhas eleitorais dois dois candidatos não têm tido sucesso, frisa a Microsoft. No entanto, diz a Wired, as acções russas são as mais preocupantes, porque têm já um longo historial de ir muito além de apenas entrar nos computadores – fazem operações para recolher informação e depois divulgam-na, construindo uma narrativa, como aconteceu nas eleições de 2016 com candidatura de Hillary Clinton, e em 2017 com o ataque à campanha de Emmanuel Macron, em França.

A Administração Trump tem dito que considera a possibilidade da interferência chinesa nas eleições de 3 de Novembro uma ameaça maior do que a da Rússia – o Presidente nunca aceitou as acusações ou provas de interferência russa em 2016, quando foi eleito. Tanto o seu conselheiro de Segurança Nacional, Robert O’Brien, como o attorney general, William Barr, defenderam a ideia de a China ser um risco maior do que a Rússia.

“E os outros países? É sempre Rússia, Rússia, Rússia. Lá estão eles outra vez”, disse Donald Trump”, horas depois de o Departamento do Tesouro dos EUA anunciar, na quinta-feira, novas sanções relacionadas com interferência nas eleições, desta vez contra um cidadão americano e três russos, todos eles suspeitos de conluio para “minarem a confiança nos processos democráticos dos EUA”.

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