Universidade de Hong Kong despede Benny Tai, professor pró-democracia

Benny Tai foi o impulsionador do movimento de resistência pacífica Occupy Central, que fez eclodir a “Revolução do Guarda Chuva”. Disse que a decisão marca “o fim da liberdade académica” na região chinesa.

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Benny Tai foi uma figura destacada dos protestos "Guarda-chuva" em Hong Kong, em 2014 Ann Wang/Reuters

A Universidade de Hong Kong afastou esta terça-feira o veterano activista pró-democracia Benny Tai do seu cargo de professor associado em Direito. Tai classificou a decisão como “o fim da liberdade académica” na região administrativa especial chinesa. 

Tai foi o impulsionador do Occupy Central, um movimento de desobediência civil não violento que gerou o grande protesto conhecido como “Revolução do Guarda-Chuva”, em 2014, e que paralisou Hong Kong por 79 dias, com os manifestantes a ocuparem as ruas principais para exigir mais democracia. Foi condenado a 16 meses de prisão no ano passado por dois delitos públicos, sendo libertado sob fiança enquanto aguarda recurso, o que fez com que a Universidade de Hong Kong começasse a rever o seu estatuto. 

A decisão desta terça-feira do conselho de administração da instituição reverteu a decisão do senado da universidade de que não havia fundamentos suficientes para o professor ser afastado. 

“[A decisão] Marca o fim da liberdade académica em Hong Kong”, escreveu Tai no Facebook. “As instituições académicas em Hong Kong não conseguem proteger os seus membros das interferências internas e externas”. 

Tai foi este mês apontado por responsáveis de Pequim por ajudar a organizar eleições primárias não oficiais para a oposição pró-democracia, com o objectivo de seleccionar os candidatos às eleições para o Conselho Legislativo, em Setembro. Os responsáveis disseram que o voto foi ilegal e que violou potencialmente a nova lei de segurança nacional, que muitos temem corroer as liberdades na região, incluindo as dos órgãos de comunicação social e dos académicos. 

O Gabinete de Ligação de Hong Kong, o representante de Pequim na região, disse em comunicado que o afastamento de Tai “foi um simples acto de punição do mal, da promoção do bem e em conformidade com a vontade do povo”. Também disse que as palavras e acções do professor “intensificaram severamente os conflitos sociais em Hong Kong e envenenaram o seu ambiente político”. 

Os governos de Pequim e Hong Kong disseram que a nova lei não iria atingir direitos e liberdades e que era apenas necessário resolver algumas lacunas de segurança

A Universidade de Hong Kong disse em comunicado que o conselho decidiu sobre um assunto de recursos humanos, “depois de um processo demorado, rigoroso e imparcial”, sem nunca se referir a Tai. Não foi possível abordar a instituição para comentários fora do horário comercial.