FC Porto perde instinto europeu com escorregadela em Roterdão
Feyenoord tirou partido da ineficácia dos “dragões” na finalização e equilibrou as contas do Grupo G.
O FC Porto voltou a falhar em contexto internacional nesta época, vendo esfumar-se a possibilidade real de alcançar a nona vitória consecutiva e acabando por sair de Roterdão vergado a uma derrota (2-0) ingrata para uma equipa que controlou toda a primeira parte e que ainda construiu oportunidades de golo suficientes para reclamar, isoladamente, o primeiro lugar do Grupo G da Liga Europa.
Em vez disso, os “dragões” ocupam o último posto, com os mesmos pontos dos restantes opositores, mas com o pior saldo à 2.ª jornada da fase de grupos. Para isso, contribuíram os dois golos muito consentidos na “banheira” de Roterdão, embora reflictam na perfeição a diferença abissal de eficácia entre portistas e Feyenoord.
Ao contrário de Nakajima (8’) e Pepe (38’) — numa primeira parte em que o Feyenoord só se fez anunciar a partir dos 25 minutos, com um remate por cima da barra —, Toornstra (49’) e Karsdorp (80’) haveriam de estabelecer a verdadeira diferença entre o pragmatismo holandês e o desperdício do FC Porto, que só pode queixar-se da displicência de Marega e companhia e, em último recurso, de um possível penálti cometido sobre Otávio (19’) que o árbitro russo ignorou.
Como, aliás, ignorou a excessiva dureza do Feyenoord, usando de um critério disciplinar demasiado largo, cujo impacto se foi acumulando até minar a confiança portista. Sem dar o mínimo sinal de estar a preparar um banho ácido, Jaap Stam ainda vibrou com o Estádio De Kuip a gritar antes do tempo um golo virtual, num cruzamento atrasado que Marcano desviou involutariamente e que só não traiu Marchesín porque saiu a um palmo do poste.
Mas o verdadeiro pesadelo estava reservado para a segunda parte, com um início mais assertivo dos locais, a surpreenderem um FC Porto que começava a dar os primeiros sinais de fadiga. O golo responsável pela quebra portista surgiu na sequência de uma escorregadela de Pepe, em lance caricato, após defesa incompleta de Marchesín, com a bola a sobrevoar a área e a sobrar para Toornstra, certeiro na hora de comparar eficácias.
Sérgio Conceição reagiu de imediato, sacrificando Nakajima — titular num “onze” em que Manafá ocupou a vaga de Corona — para apostar todas as fichas em Luis Díaz. E foi com o colombiano em campo que o FC Porto forçou verdadeiramente a barra. Primeiro em lance estudado, com Uribe a picar por cima da barreira, num livre, e Otávio a enviar a primeira bola ao travessão (60’). Nessa altura, aproveitando a obstinação do “dragão”, o Feyenoord revelou a sua face mais atraente, construindo e desperdiçando um par de ocasiões com um remate à barra (Steven Berghuis, 64’) e um falhanço de Larsson, no mesmo minuto, a copiar o lance inicial de Nakajima, já com Marchesín batido.
Com alguma sorte à mistura, o guarda-redes argentino ainda foi adiando o inevitável, apesar de também não ter tido uma noite intocável. O mesmo não pode dizer-se do ataque portista, em especial da inacreditável perdida de Marega (68’), que teria dado novo fôlego à equipa. Desinspirado, o maliano pode ainda repartir responsabilidades com o “ausente” Zé Luís, que entretanto cedeu o lugar a Soares.
O brasileiro ainda formou uma boa sociedade com Luis Díaz, mas o FC Porto voltou a esbarrar na trave da baliza de Vermeer, que induziu o “dragão” num erro irreparável. Do FC Porto que controlou a primeira metade só já sobrava um enorme coração, traído por uma transição fria do Feyenoord, que emergiu do meio de uma tentativa de atropelamento para resolver a questão de forma cínica, com Karsdorp a aproveitar para fazer o golo que escaldou, em definitivo, a ambição portista.