Já não há barcos no porto de Santa Cruz das Flores. Assim se prepara a chegada do Lorenzo

Furacão perdeu intensidade, mas açorianos, habituados ao mau tempo, fazem questão de salvaguardar os bens.

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O porto de Santa Cruz das Flores, nos Açores, já está praticamente sem barcos. Assim aconselha a prudência face ao agigantar das ondas que, segundo o instituto de meteorologia, podem atingir um máximo de 25 metros nesta ilha do grupo Ocidental onde o centro do furacão Lorenzo deve passar na próxima quarta-feira. A constatação é do comandante dos bombeiros de Santa Cruz das Flores, Aníbal Lopes, que sublinha a normalidade com que os açorianos convivem com as agruras do tempo.

Ao final da manhã o sol fazia questão de aparecer entre as nuvens. O presidente da associação de bombeiros local, Francisco Nunes, frisava a calma com que todos acompanhavam a situação. E sublinhava as últimas novidades que davam conta que o Lorenzo tinha perdido intensidade, passando para a categoria 2 nos cinco degraus da escala de Saffir-Simpson. De facto, o comunicado emitido a meio da manhã pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera registava a redução e trazia mais boas notícias: “Está previsto uma diminuição da intensidade do furacão nos próximos dias.”

Mesmo assim não havia razões para baixar os braços. A prevenção era aliás a palavra de ordem. Os animais estão a ser recolhidos, os objectos que estão no exterior das casas guardados e os sistemas de drenagem de águas limpos. “As pessoas acompanham a situação com alguma preocupação e obviamente tentam salvaguardar os seus bens”, resume o comandante Aníbal Lopes que esta segunda-feira vai receber um reforço de bombeiros vindo de São Miguel.

São 25 operacionais que serão distribuídos por três ilhas: Flores, Pico e Graciosa. Às Flores deverão chegar nove elementos, precisa o presidente da associação de bombeiros local, Francisco Nunes. “Estamos à espera que cheguem os reforços para fazer a distribuição dos meios pelos dois concelhos da ilha”, explica Aníbal Lopes.

As escolas devem fechar e o conselho do comandante de Santa Cruz das Flores é que os açorianos dos grupos Ocidental e Central (Terceira, Pico, São Jorge, Graciosa e Faial), que deverão sentir com mais intensidade os efeitos do Lorenzo, evitem sair de casa desde o fim do dia de terça-feira. Não é demais recordar que se prometem rajadas de vento que podem superar os 200 km/h.

Encerrar escola?

À Escola Secundária Manuel Arriaga, na Horta, ilha do Faial, ainda não chegou a ordem oficial de encerramento. Mas o vice-presidente, Francisco Pereira, acreditava que a medida seria anunciada ainda esta tarde pelo presidente do Governo regional, que se deslocava à Terceira, onde está localizado o Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores para anunciar as medidas adoptadas face à chegada do Lorenzo.

As medidas preventivas, essas, não esperam por qualquer anúncio. Os funcionários da escola já estão a recolher os objectos do exterior, a verificar os trincos das janelas e das portas e a recolher os estores exteriores. “O nosso Inverno é sempre complicado. Já contamos com o mau tempo”, resume o professor.

A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil também já tomou medidas. Fonte oficial da instituição explica que um contingente de 50 operacionais da Força Especial de Protecção Civil foi colocado em prontidão, para avançar de imediato caso seja solicitada ajuda pelo Governo açoriano. Estão a postos equipas de reconhecimento, de bombagem de águas, de emergência pré-hospitalar, de operadores de telecomunicações de emergência, de apoio logístico e de resgate em locais perigosos.

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