Sondagem à boca das urnas dá presidência da Ucrânia a Zelensky
O actor cómico sem qualquer experiência política deve obter mais de 70% dos votos. Petro Poroshenko tem uma derrota humilhante.
A Ucrânia entrou neste domingo em território desconhecido ao eleger Presidente, e de acordo com as sondagens à boca das urnas, um actor cómico sem experiência política e de cujo programa pouco se sabe - Volodimir Zelensky.
Segundo as sondagens, Zelensky, de 41 anos, pode conseguir mais de 70% dos votos, infligindo uma humilhante derrota a Petro Poroshenko, o seu adversário na segunda volta das presidenciais e o Presidente em fim de mandato.
Poroshenko, que em 2014 foi um dos promotores da revolta que afastou do poder a velha oligarquia pró-Rússia ligada ao Presidente Viktor Ianukovich, foi eleito nesse mesmo ano com 55% dos votos. Prometeu mudar a Ucrânia, mas não conseguiu desmantelar a corrupção, melhorar a situação económica do país e dos cidadãos ou recuperar a “identidade” ucraniana - como prometera - e no Leste persiste uma guerra de baixa intensidade com os separatistas (onde não se votou).
A sondagem à boca das urnas diz que não recebeu mais do que 25% dos votos.
A comissão eleitoral anunciou que os resultados oficiais só serão divulgados dentro de dez dias. Mas a confirmarem-se os números, Zelensky passa de presidente de ficção - tem uma série onde interpreta um popular chefe de Estado - a Presidente de facto da Ucrânia. Passa a comandar o país que está na linha da frente das complexas e tensas relações entre o Ocidente e a Rússia, depois da anexação da Crimeia e do apoio do Governo de Moscovo aos separatistas do Leste da Ucrânia.
Zelensky, cuja vitória pode ser incluída no padrão das personagens anti-establishment que desafiam os poderes estabelecidos na Europa, prometeu acabar com a guerra na região de Donbass e fez eco das queixas dos ucranianos sobre o constante aumento dos preços e queda do nível de vida. Mas foi sempre tímido nas explicações sobre o programa político que pretende aplicar. Os investidores exigem-lhe que acelere as reformas necessárias para atrair capital estrangeiro e que mantenha o país num programa do Fundo Monetário Internacional.
“Temos que esperar para ver que decisões vais tomar [o novo Presidente]. Provavelmente não perceberemos para onde quer ir, e os riscos, antes de Junho. Se calhar fica tudo na mesma”, disse Serhiy Fursa, do banco de investimento Dragon Capital, em Kiev.