River Plate impôs-se na final interminável

Boca Juniors esteve a vencer na decisão no Santiago Bernabéu, mas o River deu a volta. Triunfo por 3-1 permite erguer o troféu da Libertadores pela quarta vez e marcar presença no Mundial de clubes

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Quintero dispara para o 2-1 do River Plate Reuters/PAUL HANNA

Ficou para trás um mês de ansiedade e tensão no momento em que o River Plate começou a celebrar a conquista da quarta Taça dos Libertadores da sua história. A final 100% argentina, contra o rival Boca Juniors, foi marcada por circunstâncias extraordinárias, desde o mau tempo aos incidentes de violência entre adeptos, que culminaram na mudança do jogo da segunda mão para Madrid. Uma final interminável e que só se decidiu no prolongamento, coroando o River Plate, que até começou a perder mas deu a volta (3-1).

Após o 2-2 na primeira mão, na Bombonera (jogo inicialmente marcado para 10 de Novembro, mas adiado para dia 11 devido à chuva intensa), o Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid, foi o palco da decisão devido aos desacatos que obrigaram a cancelar a segunda mão, marcada para dia 24. Uma ironia para uma competição baptizada em “homenagem aos heróis que cimentaram a criação das nações da América do Sul”, como se lê no site oficial da Libertadores. Na capital de Espanha, foi preciso prolongamento para desfazer o 1-1 com que se chegou ao fim do tempo regulamentar – não se aplica o critério dos golos marcados fora. E o River Plate, que tinha dominado todo o segundo tempo, sentenciou o encontro e a prova, erguendo o troféu e garantindo a presença no Mundial de clubes, dentro de uma semana, nos Emirados Árabes Unidos.

O “Superclásico” no Santiago Bernabéu foi um desfile de estrelas do futebol sul-americano (e não só), com Messi, Dybala e tantos outros nas bancadas a assistirem ao embate entre os dois maiores clubes da Argentina. Mas o início do encontro foi marcado pelas cautelas de parte a parte: ninguém queria errar ou correr riscos. O primeiro sinal foi dado pelo Boca, com Pablo Pérez a rematar à meia-volta, após canto, para Armani segurar (11’). O River Plate mostrou-se apenas aos 20’, com Ignacio Fernández a atirar por cima da baliza de Andrada.

Com o River Plate a dominar a posse de bola mas a jogar na expectativa, o Boca Juniors aproveitou e, sendo mais eficaz, colocou-se em vantagem no marcador aos 44’. Num contra-ataque fulminante, Nahitan Nández descobriu Darío Benedetto com um passe magistral. O avançado passou por Maidana e, cara a cara com Armani, não desperdiçou a oportunidade.

O River Plate melhorou substancialmente na segunda parte, que dominou desde o primeiro instante. Maidana (47’), Ignacio Fernández (49’), Palacios (52’) deram os primeiros avisos para a baliza de Andrada. O assédio era intenso, mas ainda aumentou com a entrada de Quintero para o lugar de Ponzio (58’). A opção pelo ex-jogador do FC Porto permitiu ao River Plate abrir e explorar os espaços que o Boca Juniors concedia. O 1-1 não tardou: numa belíssima jogada pela direita, Ignacio Fernández combinou com Palacios, recebeu de volta e depois descobriu Pratto na área, que restabeleceu a igualdade.

Voltavam as cautelas e a igualdade não se desfez nos 90 minutos. No prolongamento, as coisas ficaram mais complicadas para o Boca logo aos 92’, com a expulsão de Wilmar Barrios, por acumulação de amarelos, após falta sobre Palacios. O River instalou-se no meio-campo atacante e o golo adivinhava-se. Quintero desferiu aos 109’ um remate imparável, à entrada da área, de pé esquerdo, a colocar o River Plate definitivamente na frente do marcador. E quando o Boca, em desespero de causa, tentava o empate, surgiu a estocada final. Jara atirou ao poste da baliza do River Plate, num lance em que o guarda-redes do Boca tinha ido ao ataque, e na resposta “Pity” Martínez fez o 3-1 na baliza deserta.

Foi o 25.º título na Libertadores para a Argentina, e o quarto da história para o River Plate, campeão continental pela última vez em 2015. Mas nunca numa final tão longa.

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