PSD também pede contas a candidato à Câmara de Oeiras
Ângelo Pereira assegura que cumpriu a lei e queixa-se de “perseguição” por parte de Rui Rio.
O PSD contactou o mandatário financeiro do candidato à Câmara Municipal de Oeiras por causa de uma dívida de cerca de 80 mil euros relacionada com a campanha, confirmou ao PÚBLICO Ângelo Pereira, que foi o cabeça de lista do PSD àquele município em 2017. O caso de Fernando Seara, que concorreu a Odivelas, também foi referenciado ao PÚBLICO como outro dos que está sob análise, mas o vereador nega ter sido contactado pela direcção de Rui Rio sobre o assunto.
Ângelo Pereira diz não perceber esta atitude da direcção nacional do partido. “Enquanto candidato cumpri escrupulosamente a lei. Não foram atingidos os limites legais”, afirmou, referindo que as contas foram apresentadas à sede nacional e auditadas por uma empresa. “Portanto, não percebo a que é que se deve este eventual processo. Todos os gastos foram concertados com a direcção anterior”, assegurou, acrescentando que já pediu uma reunião ao secretário-geral para resolver a questão. O mandatário financeiro terá sido contactado no final de Julho.
O PÚBLICO contactou a assessoria de imprensa do PSD que respondeu apenas: "Tal como já foi esclarecido, este é um assunto do foro interno do partido, pelo que não vai haver qualquer comentário público".
Lembrando que foi candidato em condições difíceis – tendo como adversários Isaltino Morais e Paulo Vistas – Ângelo Pereira diz ter gasto 200 mil euros na campanha “muito menos do que Francisco Moita Flores em 2013 e o mesmo que Isabel Meireles, agora vice-presidente do PSD, quando foi candidata em 2009”.
O vereador aponta uma explicação para este caso. “Não quero acreditar que seja uma perseguição política por ter sido apoiante de Pedro Santana Lopes [nas directas do PSD]. Isto está a parecer-me um ataque político”, afirma. Ângelo Pereira, que é vice-presidente da distrital de Lisboa e que lidera a concelhia de Oeiras, recordou a intervenção de Rui Rio na Universidade de Verão do PSD do passado domingo quando diferenciou a política, que se devia mover por interesse público, da comunicação social, que se rege pelo lucro. "Assim, o PSD não pode ter candidatos a câmaras municipais para ter lucro", contrapôs. O social-democrata lembra que era um candidato desconhecido e que aceitou ser cabeça de lista quando outras figuras do PSD recusaram como foi o caso do agora vice-presidente David Justino: "Foi convidado e não aceitou", garante ao PÚBLICO.
O líder da distrital de Lisboa, Pedro Pinto, assegura não ter sido contactado por ninguém da direcção sobre o assunto nem a possibilidade de ser interposto um processo em tribunal ao candidato. “Não acredito que seja verdade. É disparate demais para ser verdade”, disse, recusando fazer mais comentários.
O PSD já interpôs um processo em tribunal contra o candidato autárquico à Covilhã, Marco Baptista, por uma dívida da campanha última autárquica.