Trump suspirou pela Rússia e ameaçou fortificar economia dos EUA na desarmoniosa cimeira do G7

Presidente norte-americano exigiu aos parceiros o fim das práticas comerciais “injustas” para os EUA, sob pena de limitar o seu acesso à economia do país. Na China, Putin, Modi e Xi sorriem.

Donald Trump, Canadá, União Européia, 44ª cimeira do G7, Grupo dos Sete
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Trump foi protagonista no encontro de líderes no Canadá Reuters/YVES HERMAN
44ª Cimeira do G7, 43ª Cimeira do G7, Estados Unidos, França
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Aperto de mão de Macron deixou marcas em Trump Reuters/LEAH MILLIS
44ª cimeira do G7, Grupo dos Sete
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Christine Lagarde e Donald Trump Reuters/YVES HERMAN
Donald Trump, 44ª cimeira do G7, Grupo dos Sete
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Os representantes dos sete países e da UE em reunião LUSA/CLEMENS BILAN
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Justin Trudeau foi o anfitrião de serviço Reuters/YVES HERMAN

Antes do pontapé de saída para a cimeira que juntou no Canadá os líderes das sete economias mais avançadas do globo, Donald Tusk confessava que o encontro deste ano iria ser “ainda mais desafiante” que o de 2017 – uma reunião que catalogou como “o mais difícil dos últimos anos”. As razões? “O contexto político específico das mais recentes decisões do Presidente Trump e das reacções que provocaram em ambos os lados do Atlântico”, escreveu o presidente do Conselho Europeu num artigo de opinião para o New York Times.

Na lista das decisões do Presidente dos EUA, aludidas por Tusk, destacam-se a recentíssima subida das taxas alfandegárias ao aço e alumínio importado da União Europeia, Canadá e México, mas também o abandono de Washington do pacto nuclear com o Irão e do acordo de Paris sobre as alterações climáticas. Movimentações de uma estratégia norte-americana de ruptura com os seus parceiros, que este sábado, dia de encerramento da cimeira do G7, conheceu mais um episódio, após nova ronda de ameaças de Washington.

“Os Estados Unidos têm sido explorados durantes décadas e décadas. Somos o porquinho-mealheiro que toda a gente está a roubar. Isto acaba agora”, disse Trump à saída da cimeira onde desferiu um dos mais duros ataques dos últimos tempos aos parceiros tradicionais dos EUA.

Explicando que não põe a culpa em cima dos seus companheiros de cimeira – Justin Trudeau (Canadá), Emmanuel Macron (França), Angela Merkel (Alemanha), Theresa May (Reino Unido), Giuseppe Conte (Itália) e Shinzo Abe (Japão) – pelas práticas comerciais “injustas”, mas nas administrações que habitaram a Casa Branca “nos últimos 50 anos”, Trump exigiu o fim das taxas e barreiras alfandegárias aos produtos norte-americanos, sob pena de vedar o acesso dos parceiros à economia do país e pôr um ponto final nas relações comérciais com qualquer um deles. “Têm todos muito mais a perder do que nós”, garantiu.

O clima de desconforto entre EUA, por um lado, e europeus, canadianos e japoneses por outro, adensou-se ainda mais com a defesa insistente de Trump – neste ponto acompanhado pela Itália – ao regresso ao grupo da Rússia, expulsa após a anexação da Crimeia (2014). 

“Porque é que estamos a ter esta reunião sem a Rússia? Gostem ou não, temos um mundo para comandar”, afirmou o Presidente dos EUA que estava de partida para Singapura, onde se encontrará com o líder norte-coreano Kim Jong-un. Trump, que já não participou no debate sobre as alterações climáticas, responsabilizou Barack Obama pelo desfecho da invasão russa na Crimeia.

Qingdao, outro centro do mundo

Enquanto no Canadá se discutia se o G7 deveria ter sido G8 ou se fora na realidade G6+1 – Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Japão e Canadá versus EUA –, na China o Presidente da Federação Russa punha em prática uma garantia que já tinah dado: Moscovo “está centrada noutros formatos”, que não o G7.

Vladimir Putin encontra-se desde sexta-feira em território chinês, tendo recebido a Medalha da Amizade da República Popular da China e sido alvo dos mais rasgados elogios de Xi Jingping. “[Putin] é o mais conhecido e o mais respeitado líder de um grande país junto da população chinesa. E é também o meu melhor amigo e confidente”, confessou o Presidente chinês, durante a cerimónia em Pequim.

Da capital chinesa, os dois presidentes partiram para Qingdao, para se juntarem ao representante de um outro gigante económico da região – Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia – e outros líderes dos países que integram a Organização para a Cooperação de Xangai (SCO), que se reúne por dois dias para debater temas relacionados com segurança, contraterrorismo e cooperação militar, mas principalmente para mostrar ao Ocidente que o centro do mundo não era, por estes dias, Charlevoix, mas a costa chinesa.

“Os membros da SCO representam um quarto do PIB mundial, 43% da população e 23% do território global. São recursos muito substanciais”, lembrou Putin em declarações à televisão chinesa CGTN, destacando o “acelerado crescimento económico asiático” e o potencial do poderio militar das três nações. O caminho, esse, está definido: “Unir estes enormes poderes irá ser incontestavelmente importante para o nosso desenvolvimento e para influenciar o mundo, de uma forma positiva”.

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