O final da quarta etapa da Volvo Ocean Race (VOR) 2017-18 terminou de forma trágica após um acidente entre uma embarcação de pesca e o veleiro da equipa Vestas 11th Hour Racing provocar um morto. A vítima é um dos dez tripulantes do barco de pesca e o acidente ocorreu a cerca de 30 milhas de Hong Kong, quando o VO65 de bandeira norte americana e dinamarquesa ocupava o segundo lugar. O triunfo na etapa foi do Team Sun Hung Kkai/Scallywag (SHK), equipa do português António Fontes, que surpreendeu os principais favoritos ao escolher a melhor rota de navegação entre Melbourne e a região administrativa especial chinesa.

Quando parecia que a quarta etapa da VOR ficaria marcada pela surpreendente vitória da SHK, que alcançou a proeza de conseguir vencer em casa, um acidente com o barco da Vestas ensombrou a chegada da prova a Hong Kong. Após quase seis mil milhas nauticas percorridas e com a meta praticamente à vista – pouco mais de 30 milhas para a chegada -, na madrugada de sábado o VO65 liderado Charlie Enright terá sido abalroado por um pesqueiro, originando a morte de um dos dez tripulantes da embarcação. O acidente provocou um pequeno rombo no casco do Vestas, mas nenhum dos velejadores que participam na VOR ficou ferido. Em 2014-15, na última edição da VOR, a Vestas também esteve envolvida num acidente, ao chocar com um recife em Cargados Carajos, a nordeste da Ilha Maurícia.

Num comunicado publicado neste sábado, a organização da prova confirmou “a colisão com uma embarcação não participante” e que o Vestas “retirou-se da etapa”, seguindo para Hong Kong “pelos seus meios”. “O controlo da corrida na base da Volvo Ocean Race foi informado da colisão pela equipa nos momentos seguintes. O Vestas 11th Hour Racing lançou um pedido de socorro em nome da outra embarcação, alertando a Hong Kong Marine Rescue Coordination Centre (HKMRCC) e iniciando uma missão de busca e resgate. A HKMRCC informou o controlo de corrida que uma embarcação comercial na área foi capaz de resgatar nove dos tripulantes e que um décimo membro da tripulação seguiu de helicóptero para o hospital”, pode ler-se no comunicado.

O acidente tirou brilho à vitória da SHK, equipa com bandeira de Hong Kong que acabou por ser premiada por uma audaz aposta de navegação. O VO65 liderado pelo australiano David Witt chegou a estar no último lugar, com cerca de 100 milhas náuticas (aproximadamente 185 quilómetros) de atraso para o primeiro classificado, mas ao largo das Ilhas Salomão optou por rumar a noroeste, enquanto as restantes equipas mantiveram uma rota para norte. A decisão acabou por revelar-se a mais acertada.

A SHK, que nesta perna não contou com a participação de António Fontes devido a uma lesão sofrida pelo velejador português na etapa anterior, chegou a Hong Kong com quase três horas de vantagem sobre a Dongfeng, que pela terceira vez consecutiva terminou uma ligação na vice-liderança. O terceiro classificado foi a AzkoNobel, seguindo-se a MAPFRE. A equipa espanhola, que tinha vencido as duas ligações anteriores, acabou por ser, a par da Vestas, uma das derrotadas da etapa.

O Team Brunel, que continua a desiludir, ficou na quinta posição, enquanto a Turn The Tide on Plastic, que nesta ligação contou com a presença a bordo de Bernardo Freitas e Frederico Melo, concluiu na sexta posição. A Vestas, ao não terminar a etapa, somou zero pontos e pode ter comprometido definitivamente as suas possibilidades de vencer a VOR.

A quinta etapa ligará Hong Kong a Auckland, na Nova Zelândia, e terá início a 7 de Fevereiro.

Classificação após 4 etapas:
1.º MAPFRE – 33 pontos
2.º Dongfeng Race Team – 29 pontos
3.º Vestas 11th Hour Racing – 23 pontos
4.º Team Sun Hung Kkai/Scallywag – 19 pontos
5.º Team Brunel – 17 pontos
6.º Team AzkoNobel – 14 pontos
7.º Turn The Tide on Plastic – 8 pontos