Playstation dá destaque a talento português e realidade virtual

Os visitantes da Lisboa Games Week deste ano podem experimentar dez jogos criados para a PS4 em Portugal. Alguns levam os utilizadores ao mundo da realidade virtual. É um nicho de que a Sony não desiste.

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Liliana Laporte é a directora-geral da Sony nas regiões da Ibéria e Mediterrâneo RUI GAUDÊNCIO

Quando se abre os olhos, está-se num quarto. Vê-se uma cama, um computador portátil, uma televisão, mas não há mais informação. É preciso vasculhar as redondezas (abrir gavetas, ligar a televisão, atender o telefone quando começa a tocar) para tentar perceber a situação. Percebe-se que não há saída: as janelas não abrem, a casa não acaba, e escapar torna-se o objectivo do jogo.

O cenário vive-se no Iteration, um jogo de realidade virtual entre os dez finalistas portugueses dos Prémios Playstation em demonstração na Lisboa Games Week. É o maior evento de videojogos em Portugal, que começou na quinta-feira e termina hoje, domingo, na FIL. Na secção da Playstation 4 (PS4) – que ocupa quase metade de um dos pavilhões da feira, – a realidade virtual, e o talento português são os grandes focos.

“O mercado da realidade virtual a nível mundial está agora a dar os primeiros passos. Tu não jogas, tu vives o jogo, e nós acreditamos que o nosso investimento vai ter um retorno enorme de futuro”, diz ao PÚBLICO Liliana Laporte, a directora-geral da Sony nas regiões da Ibéria e Mediterrâneo. De cima do stand de imprensa da Sony, vê os visitantes que circulam pelo espaço da empresa japonesa. Muitos param para experimentar o aparelho de realidade virtual da marca pela primeira vez.

Apesar de estar à venda há um ano e de liderar o mercado destas consolas (com um milhão de unidades vendidas), os donos da Playstation VR ainda são um nicho. Um milhão torna-se pouco quando comparado com as 67,5 milhões de unidades de PS4 vendidas em todo o mundo: a grande maioria dos utilizadores da consola ainda não usam o acessório de realidade virtual. No entanto, a Sony continua a investir na área.

“É tudo uma questão de expectativas”, diz Laporte. “Já temos um milhão de headsets a nível mundial. Com a realidade virtual, é fundamental experimentar. Se pudéssemos pôr cada português a experimentar a realidade virtual com a Playstation, acho que metade da população comprava. A Lisboa Games Week ajuda nisso.”

Outra das estratégias é criar picos promocionais que permitam a mais gente entrar. Por exemplo, entre 17 e 27 de Novembro, a propósito da Black Friday (uma tradição norte-americana de grandes promoções que já contaminou o comércio em Portugal), há um conjunto que inclui a PlayStation VR, a PlayStation Camera e os jogos PS VR Worlds e Gran Turismo Sport, disponível por 299,99€. Representa uma poupança de cerca de 140€.

Talento português

Além de pôr óculos na cabeça dos visitantes, e transportá-los para mundos de realidade virtual, a Playstation quer dar a conhecer o talento português na área dos videojogos. “Estamos a apoiar o desenvolvimento de jogos de conteúdo local, em Portugal e em Espanha, há 10 anos”, diz Laporte. “É uma maneira de devolvermos o apoio que recebemos do público português e espanhol, mas também somos uma empresa comercial e estamos aqui para ganhar dinheiro. Achamos que podemos encontrar o próximo grande jogo entre o talento português.”

Os visitantes da feira deste ano podem experimentar uma dezena de jogos criados para a PS4 em Portugal. Entre eles estão o jogo de realidade virtual Iteration, mas também o Rise of Denial (um jogo de acção numa cidade futurista), o Ganbatte (um jogo de realidade virtual em que gatos competem para comer sushi no espaço), e o Bifrost Spire (um jogo de tiro em que o objectivo é subir uma torre para chegar a deus de Valhalla).

Para os vencedores – que serão revelados em Janeiro de 2018 –, há um prémio monetário de 10 mil euros, um espaço físico suportado pela Playstation onde podem trabalhar durante 10 meses, e uma campanha de comunicação no valor de 50 mil euros. 

Para os expositores portugueses na feira de videojogos, porém, a maior vantagem do Playstation Talents é a exposição a um grande público. “É uma oportunidade para dar a conhecer o nosso jogo, mas também para percebermos onde podemos melhorar. Se há etapas em que muitas pessoas esbarram, por exemplo, o problema pode ser nosso”, diz ao PÚBLICO David Filipe, 23 anos, um dos criadores do jogo de realidade virtual português Iteration.

Todo o investimento no desenvolvimento de jogos para PS4 não é ao acaso. Quando questionada sobre o futuro substituto da consola – possivelmente, uma PS5 – Laporte é firme: “O que a nossa comunidade precisa de saber é que o investimento que fez numa PS4 vale a pena. Estamos muito focados em continuar a fazer conteúdos para essa comunidade. E com o foco na realidade virtual, e nos prémios claramente o foco tem mesmo de estar aqui. Ainda há muito para entregar em PS4."

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