Somália revê balanço: duplo atentado matou mais de 200 pessoas
Ataque de sábado na capital é dos mais mortíferos desde o início da revolta islamista no país, em 2007.
À estação televisiva Al-Jazira, o director do serviço de ambulâncias da capital somali, Mogadíscio, que foi palco de um duplo atentado, no sábado, afirmou sem hesitar: "O meu país nunca viu nada assim." O testemunho de Abdulkadir Abdirahman passa nas imagens do canal e foi republicado online. Acompanhado do mortal balanço: pelo menos 231 mortos, e perto de 300 feridos.
"Estava a ser um dia normal. O meu escritório fica a um quilómetro do local da explosão", descreveu Abdulkadir Abdirahman, àquele canal árabe de televisão, aludindo ao primeiro rebentamento do que é um dos mais mortíferos atentado desde que o grupo jihadista Al-Shabaab, relacionado com a Al-Qaeda, começou a controlar partes importantes do território em 2007.
"De repente, uma explosão. Tudo abanou. Nunca tinha ouvido nada tão ruidoso. Em poucos minutos, o céu encheu-se de fumo muito negro, escondeu o sol", prosseguiu.
O Presidente somali, Mohamed Abdullahi Farmaajo decretou três dias de luto nacional.
A primeira explosão, segundo fontes policiais citadas pela Reuters, ocorreu quando um camião armadilhado foi pelos ares no exterior de um hotel situado num cruzamento identificado como K5, junto de escritórios governamentais, restaurantes e lojas. A embaixada do Qatar sofreu danos graves com a explosão.
A mesma agência descreve que a explosão arrasou edifícios e pôs dezenas de veículos em chamas nas redondezas. Duas horas mais tarde, outra explosão, desta vez na zona da medina de Mogadíscio, fechou o duplo atentado de sábado.
O atentado aconteceu dois dias depois de o general que lidera o Comando de África dos Estados Unidos ter ido a Mogadíscio para se reunir com o Presidente da Somália, e depois o ministro da Defesa somali e o chefe do Estado Maior do Exército se ter demitido, por motivos que não foram tornados públicos, diz o jornal de Nova Iorque. Este ano, o exército norte-americano tem reforçado os ataques com drones contra a Shabaab, que recentemente tinha aumentado a sua ofensiva contra bases militares no Sul e Centro do país.
Os EUA, através da sua missão na Somália, condendou os "ataques covardes" e reafirmou a intenção de unir forças com o governo local e a União Africana no combate ao terrorismo islâmico.
Há equipas de resgate a percorrer o que resta dos edifícios que ruíram à procura de pessoas dadas como desaparecidas. Foi esse trabalho que permitiu encontrar muito mais vítimas.
Até agora, ninguém reivindicou a autoria do atentado. Porém, desde o início da revolta islamista, há dez anos, o grupo islamista Al-Shabaab,controlou diferentes áreas do país, incluindo a capital entre 2007 e 2011. e é-lhe atribuída a autoria de diversos atentados ocorridos desde então em Mogadíscio e no resto do país.