O primeiro discurso de Trump no Congresso foi também o primeiro sem polémica

O Presidente dos EUA apelou à união de esforços entre republicanos e democratas, num discurso que surpreendeu pelo tom moderado.

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O primeiro discurso de Donald Trump no Congresso norte-americano, esta terça-feira, surpreendeu por ter sido considerado o primeiro em que não foi polémico. Com promessas de “renovar o espírito norte-americano”, o Presidente dos EUA manteve o tom nacionalista, mas admitiu uma “reforma migratória”, adoptando uma posição mais moderada do que aquela que apresentou durante a campanha e desde que tomou posse.

Foi um discurso “presidencial”. O resultado? De acordo com uma sondagem da CNN, cerca de 57% dos norte-americanos consideraram a mensagem de Trump “muito positiva” e 69% estão “mais optimistas” acerca do futuro do país, valores que contrastam com os seus baixos níveis de popularidade.

Acompanhado pelo vice-presidente Mike Pence e por Paul Ryan, líder da Câmara dos Representantes, Trump declarou que "chegou o momento de acabar com as mentes tacanhas e lutas triviais". "A partir de agora, a América será fortalecida pelas nossas aspirações e não sobrecarregada pelos nossos medos”, ressalvou. Condenou ainda os crimes de ódio, sublinhando que os EUA "são um país que se mantém unido e condena o ódio e o mal em todas as suas formas", disse no discurso.

Christopher Coons, senador democrata do Estado de Delaware, considerou o discurso de Trump “um dos mais coerentes que deu no último mês”, período em que a retórica do Presidente norte-americano foi mais agressiva.

Ainda assim, apesar do tom mais moderado, a divisão no Congresso manteve-se. Na Câmara dos Representantes, os democratas permaneceram em silêncio durante algumas partes do discurso ou reagiram com o polegar para baixo, em sinal de desagrado face às afirmações de Trump. Algumas democratas adoptaram ainda um protesto silencioso ao usar branco na cerimónia, em honra do movimento sufragista e à semelhança de Hillary Clinton, em vários momentos da sua campanha.

Por que se vestiram de branco as democratas?

Depois de ver bloqueada judicialmente a sua tentativa de proibir a entrada nos EUA de pessoas de sete países de maioria muçulmana, Trump defendeu “uma reforma migratória positiva”, com o foco em objectivos concretos: "Melhorar empregos e rendimentos para os norte-americanos, fortalecer a segurança da nossa nação e restaurar o respeito pelas nossas leis”.

O Presidente dos EUA apelou ainda ao esforço conjunto de republicanos e democratas, defendendo que “podem trabalhar juntos”, em nome do bem-estar dos cidadãos norte-americanos.

Ainda assim, Trump voltou a falar do muro com o México, garantindo que a fronteira “no Sul do país” irá mesmo avançar mas sem abordar a polémica intenção de obrigar os mexicanos a pagar por ele. “Enquanto estamos aqui a falar, membros de gangues, traficantes de droga e criminosos que ameaçam as nossas comunidades e os nossos cidadãos estão a ser expulsos. Tal como prometi, os maus estão a sair de cena enquanto eu falo”, disse. “Não podemos permitir que a nossa nação se torne um santuário para os extremistas”, acrescentou, garantindo que os EUA iriam "extinguir esse inimigo do planeta" e anunciando um aumento da despesa militar que será "um dos maiores da história". "Temos de fornecer aos homens e às mulheres dos Estados Unidos as ferramentas que precisam para evitar a guerra e – se for necessário – combater e vencer".

Cheio de promessas, mas com poucas propostas concretas que expliquem como serão cumpridas, Donald Trump repetiu a intenção de avançar com uma “grande, grande redução de impostos” para as empresas norte-americanas, para “que elas possam competir em qualquer lado e contra todos”. Ainda no campo económico, repetiu a intenção de “fazer com que seja fácil para as empresas negociarem nos EUA e muito mais difícil sair” e anunciou que irá pedir ao Congresso para aprovar um investimento em infra-estruturas no valor de um milhão de milhões de dólares (cerca de 949 mil milhões de euros), mas não explicou como é que vai pagar este esforço, adiantando apenas que vai ser financiado por capital público e privado.  

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