Esquerda unida mas plural

António Costa dirige o governo mais “parlamentar” da democracia portuguesa e a negociação entre o PS e o seus aliados em São Bento será dura.

Apesar de ter sido uma a novidade este primeiro acordo entre o PS e os partidos à sua esquerda para viabilizar o Governo, convém não esquecer que o outro factor foi a conjuntura milagrosa do Presidente não poder dissolver a Assembleia da República.

Dito isto, o debate quinzenal, na sua aparente normalidade, esconde a maior centralidade do Parlamento na vida política portuguesa. É nele que se testará a solidez dos acordos e será nele que se desencadeará a sua queda.

Nesta perspectiva, o debate desta quarta-feira consagrou o regresso de Passos e Portas ao Parlamento e a falar na primeira pessoa. Quanto ao resto, o que fica claro é demarcação clara da esquerda perante o anterior Governo de coligação PSD-PP.

Recuperação salarial e alguma alguma “desamortização” fiscal sobre o trabalho, mas também em quase todo os outras marcas distintivas do passado, sem esquecer a diversidade discursiva entre o PS, o Bloco e o PCP, certamente presente no debate sobre a União Europeia, o terrorismo ou a Síria.

Mas não será por aí que a castanha rebentará. No fundo é a (escassa) margem de manobra económica e a UE que decidirão o futuro desta primeira maioria parlamentar de esquerda.

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