Fotolivro
"Depois da guerra há sempre mais ódio do que antes"
O jornalista e fotógrafo italiano Alfredo Macchi foi o primeiro a chegar a Cabul após os guerrilheiros taliban terem desertado, a 13 de Novembro de 2001. A primeira guerra que cobriu foi em 1999, no Kosovo. Fotografou as primeiras horas após os atentados de 11 de Setembro. Cobriu a segunda intifada na Palestina em 2006, a primavera árabe na Tunísia, Egipto e Líbia em 2011. Esteve, mais recentemente, presente nos conflitos do Iraque e na Síria. O fotolivro "War Landscapes" reúne imagens de todos os conflitos que cobriu. "Decidi tirar fotografias distanciadas da crónica de guerra", disse Macchi em entrevista ao P3. "Queria fotografar paisagens repletas de destroços de guerra em quase total ausência de seres humanos. Isto porque acho que, nos dias que correm, somos bombardeados por imagens demasiado sangrentas, por violência, dor e gritos. Queria fotografias que permitissem reflectir o silêncio de um conjunto de conflitos." A reflexão sobre a guerra é necessária. "Por todos os locais que passei encontrei um elemento comum: depois da guerra, além dos destroços e dos cadáveres, há sempre mais ódio do que antes." O fotolivro é o resultado de 15 anos de trabalho do jornalista. "Já vi demasiada dor para permanecer em silêncio. Acredito que a humanidade necessita de encontrar formas menos primitivas do que o recurso às armas para resolver os problemas. Tenho um filho com sete meses de idade e isso torna-me ainda mais determinado no sentido de fazer com que as pessoas pensem na loucura que é uma guerra. Nós, no ocidente, não nos lembramos tão frequentemente como é uma guerra nem pensamos muito nas crianças que sofrem injustamente em consequência." O livro "War Landascapes" foi distinguido recentemente pelo International Photography Awards (IPA) e pelo Moscow International Foto Awards (MIFA) e pode ser adquirido através do website do autor. Ana Marques Maia