Egipto é o primeiro cliente de França para os caça Rafale
Venda criticada porque o regime do general Sissi leva a cabo uma repressão sem precedentes nas últimas décadas.
Se o tom geral é de júbilo, de uma vitória para a indústria francesa, há quem sublinhe que o Presidente Abdelfatah al-Sissi chegou ao poder num golpe militar que derrubou o chefe de Estado eleito, Mohamed Morsi, de forma legítima e que lançou uma repressão no país “sem precedentes nos últimos 30 anos”, como a qualificou as Nações Unidas. Mais de 1400 partidários do Presidente deposto da Irmandade Muçulmana foram mortos desde Julho de 2013, quando foi o golpe de Estado, mais de 15.000 estão presos e centenas foram condenados à morte em julgamentos em massa e sumários, despachados em poucos minutos.
Paris preferiu “lançar um véu púdico sobre a verdadeira questão, que são os direitos do homem no Egipto de Sissi. É uma escolha política deliberada”, disse à AFP Camille Grand, da Amnistia Internacional França, que tinha apelado ao Governo a que “suspendesse todas as transferências de armas” para o Egipto.
“Há uma falta de coerência, uma estratégia de dois pesos e duas medidas”, diz por seu lado Didier Billion, investigador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), recordando a suspensão da entrega dos navios de guerra Mistral à Rússia, por causa do conflito na Ucrânia. “Fecha-se os olhos sobre a situação dos direitos da democracia no Egipto, mas já não se pode fazer o mesmo com a Rússia, porque este país está no centro de um braço-de-ferro internacional”, sublinha.
O ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, justifica a venda num comunicado, afirmando que “aqueles equipamentos vão permitir ao Egipto melhorar a sua egurança e contribuir para o seu papel a favor da estabilidade regional”.